São Paulo recorre a Dorival Junior em busca de recuperar o tempo perdido por Rogerio Ceni. Enquanto isso, Corinthians se socorre a Cuca para reposicionar trabalho do estagiário Fernando Lázaro.
Dois treinadores de lastro e experientes assumindo posição de destaque no futebol paulista mais uma vez.
Vai dar certo?
Difícil uma projeção mais embasada. Até porque nem São Paulo e muito menos Corinthians têm material de primeira à disposição de seus novos velhos treinadores.
Dorival deve encontrar uma colcha de retalhos no Morumbi. Cada pedaço de pano remendado a outro sem sintonia de cores e textura.
Um exemplo rápido dessa colcha mal costurada: três jogadores recém-saídos do Fluminense que atuam na mesma posição, mas forçados a cumprir funções diferentes. Falamos de Caio Paulista, Michel Araujo e Marcos Paulo. Pouco funcionaram no time carioca.
Dorival está acostumado a essas deformidades. Sua carreira de títulos importantes é mais bem avaliada quando faz serviço de bombeiro, sempre a apagar incêndios e a tirar times soterrados nos escombros da mediocridade.
De 2010 até esse início de 2023, quem examinar com lupa os feitos de Dorival vai se deparar com trabalhos de idas e vindas no próprio São Paulo, Flamengo, Santos, Fluminense, Vasco, Palmeiras, Internacional, Atlético-MG.
Salvou vidas contra rebaixamento, conquistou títulos e também saiu demitido por não acrescentar nada de muito diferente a clubes mais exigentes.
Cuca é quase oposto a Dorival Junior. Mais criativo e pouco afeito a atuar como extintor de incêndio. Prefere é botar fogo por onde passa. Insiste no famoso trabalho de começo, meio e fim.
Problema de Cuca é falta de continuidade, em especial quando fecha o ano campeão ou com boas notas no fim da temporada. Foi assim, num passado mais recente, no Palmeiras em 2016, Atlético-MG em 2013 e 2021, e Santos em 2020.
Como nunca trabalhou no Corinthians e chega em momento crítico do conhecido Timão na temporada, difícil imaginar se vai funcionar.
Cuca sabe que terá veteranos em frangalhos a seus dispor, como Paulinho, Renato Augusto, Fagner, Giuliano, Gil, Balbuena e um punhado de jovens ainda desorientados em campo.
Fora da relva verde, Cuca terá de enfrentar uma torcida engajada, dona de verdade do time, a tal Fiel que não aceita aplaudir um dos seus que tenha manchas do passado. “Respeita as minas”. Cuca sabe muito bem o recado que vem forte das arquibancadas.
São Paulo 20 de abril 2023. Por Luiz Antônio Prósperi