Luiz Antônio Prósperi – 12 setembro (12h05)

Corinthians vence Juventude e avança às semifinais da Copa do Brasil. A história se repete. Conquista a vaga com as cores de sua tradição diante de uma arena inflamada por mais de 45 mil torcedores. Drama e redenção no último minuto com o gol, de cabeça, de um zagueiro que há um mês nenhum corintiano sabia da existência nem de onde tinha desembarcado. Alforria em uma noite de apresentação de um candidato a ídolo internacional, para lá de midiático, vindo dos Países Baixos da Europa. E às custas de um aporte financeiro despejado por um site de apostas sob investigação policial. Eis o Corinthians.

Enredo que se repete ao longo de seus 114 anos de vida. Um resumo da ópera mostra o Corinthians obrigado a vencer o Juventude em casa, depois de ser derrotado no Sul por 2 a 1 antes da Data Fifa há dez dias.

Naquele revés, zagueiro Gustavo Henrique faz o gol no último minuto dos acréscimos quando a derrota por 2 a 0 seria bem mais complicada de ser revertida no jogo da volta. O 2 a 1, viável.

Agora veja o que aconteceu desde a queda em Caxias:

Corinthians vence Flamengo na Arena Neo Química no reencontro com Tite, dessa vez na trincheira inimiga. Três pontos valiosos na corrida contra rebaixamento no Brasileirão.

Uma semana depois, abre portões de seu estádio para abrigar um inédito jogo da NFL dos Estados Unidos pela primeira vez no Brasil. Autoestima do corintiano vai lá em cima.

A três dias de receber o Juventude na busca por desforra, clube faz uma engenharia financeira avaliada em R$ 70 milhões e contrata o atacante Memphis Depay, jogador de muito cartaz no futebol internacional. Em julho, ele atuou de titular da Holanda na Eurocopa 2024 disputada na Alemanha.

Cartel de Memphis dispensa apresentação. Então, o Corinthians o leva até o centro do campo antes do jogo contra o Juventude. Trajando um blaser cravado de pedras brilhantes e um penteado na forma do antigo escudo do Corinthians, Memphis se exibe à Fiel e se dirige às tribunas para se misturar ao Bando de Loucos a empurrar os gladiadores lá em baixo na grama ainda manchada com as marcas da NFL.

Corinthians sai na frente, gol de Romero, símbolo e artilheiro da Arena em Itaquera inaugurada em 2014.

Juventude empata em gol polêmico com falha do goleiro Hugo Souza, até então um dos salvadores do time nas últimas jornadas.

Empate seria a maior tragédia. De repente, Garro, argentino canhoto de fino trato, encaminha o segundo gol em chute clássico de efeito com zagueiro do Juventude desviando para suas próprias redes: 2 a 1 e a decisão iria aos pênaltis.

Quando a Fiel já orava em nome do goleiro Hugo Souza imaginando a disputa nos pênaltis, aparece o zagueiro André Ramalho.

De cabeça, a exemplo de Gustavo Henrique no jogo do Sul, o beque faz o gol da classificação à semifinal da Copa do Brasil. Gol de Corinthians. Gol para Memphis ver e sentir como é a casa em que vai se hospedar até 2026, conforme registra o contrato.

Então o sentimento na torcida é mais ou menos assim:

Às favas se o clube tem dívida estimada em R$ 2 bilhões. Ao léu, se o presidente Augusto Melo tem contra si um pedido de impeachment registrado no Conselho do clube. Quem se importa se a patrocinadora é investigada em ação de lavagem de dinheiro e outros crimes. O que interessa são os R$ 57 milhões que o site de apostas vai depositar na conta de Memphis Depay. “Aqui é Corinthians!”, grita a Fiel.

Eis o Corinthians.


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Uma resposta para “Eis o Corinthians”.

  1. […] da situação, mas acredito que noites como as de ontem (Corinthians 3 x 1 Juventude) demonstram que a equipe tem a habilidade de lutar. É um time de lutadores. No dia de ontem, por […]

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