Luiz Antônio Prósperi – 27 setembro (13h00)

Apostas esportivas se alastram e arrebentam os bolsos dos brasileiros, a ponto de beneficiários do Bolsa Família gastarem R$ 3 bilhões nas bets apenas em agosto. Gasto total dos brasileiros nessa modalidade de apostas alcança R$ 21,1 bilhões no mesmo mês, estima o Banco Central. Futebol tem participação efetiva no caos financeiro instalado no país por conta das bets. Todos segmentos do futebol estão pendurados nas bets, da CBF aos clubes, da mídia esportiva a ex-jogadores e celebridades do mundo da bola.

Dos 20 clubes da Série A do Brasileirão 2024, apenas quatro (Palmeiras, Internacional, Grêmio e Cuiabá) não venderam seus patrocínios às casas de apostas. Confira as camisas dos clubes, a maioria estampa logomarcas das bets.

Agentes do mercado do futebol ressaltam que o investimento de R$ 1 bilhão da maioria dos clubes brasileiros em transferências de jogadores, entre junho e agosto, vem do dinheiro injetado pelas bets.

CBF vendeu à Betano, uma das líderes no ranking de apostas esportivas, as marcas do Brasileirão e Copa do Brasil – as principais competições nacionais do calendário do futebol.

De Ronaldo Fenômeno a Vini Jr, passando por jornalistas esportivos como Galvão Bueno, já cederam seus nomes na publicidade das bets.

A maioria dos programas esportivos de TV (canais abertos e por assinatura), sites e influencers ligados ao futebol tem patrocínio das casas de apostas.

Lucas Paquetá, expoente da Seleção Brasileira desde 2022, está na mira da Justiça da Inglaterra por suspeita de envolvimento em apostas esportivas. Luiz Henrique, destaque do Botafogo, também teve seu nome entre suspeitos de favorecer amigos e familiares em apostas esportivas.

Operação Penalidade Máxima, investigação da Polícia Civil e Ministério Público, deflagrada na temporada 2023, levou o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) a penalizar 22 jogadores com penas esportivas – 5 deles foram banidos do futebol, aponta apuração do globo esporte.

Ao mesmo tempo que as apostas esportivas avançam e arruinam famílias com a jogatina, um fenômeno comum no futebol começa a tomar conta dos torcedores: a teoria da conspiração na manipulação de resultados das partidas. Aquela história de que um time, jogadores, técnicos, árbitros se venderam para favorecer um determinado clube ou CBF.

A realidade crua é que o Futebol Brasileiro não sobrevive mais um dia sem o dinheiro que jorra da casas de apostas esportivas. É quase uma dependência química numa comparação irreal com viciados em drogas.

EXEMPLO VEM DA CHINA

A Associação Chinesa de Futebol baniu 38 jogadores e cinco dirigentes de clubes para sempre após uma investigação de dois anos sobre manipulação de resultados e apostas. A investigação, parte de uma repressão à corrupção no esporte, descobriu que 120 partidas foram manipuladas, com 41 clubes envolvidos, de acordo com a agência oficial de notícias Xinhua. O relatório não disse se todas as partidas foram na China, relata o jornal The Guardian, de Londres.

Os ex-jogadores da seleção chinesa Jin Jingdao e Gu Chao e o meio-campista sul-coreano Son Jun-ho estavam entre os banidos para sempre, de acordo com descobertas tornadas públicas há 15 dias. Nenhum dos jogadores fez qualquer comentário público.

O agente de Son, Park Dae-yeon, disse que era “ridículo” acusar seu cliente de manipulação de resultados e que eles dariam uma entrevista coletiva “para dizer tudo o que temos a dizer”. Son foi solto em março após ficar detido por 10 meses na China e retornou à Coreia do Sul, onde joga pelo Suwon.

O diretor esportivo do clube, Choi Soon-ho, disse que eles continuariam a escalar Son, a menos que fossem ordenados a não fazê-lo, porque a decisão da CFA “não se aplica a nós”. Choi disse: “Ele negou veementemente as acusações de suborno quando assinou conosco e eu respeito isso.”

Zhang Xiaopeng, do Ministério da Segurança Pública, disse que 44 indivíduos enfrentaram penalidades criminais por suborno, jogo e abertura ilegal de cassinos, e outros 17 foram considerados envolvidos em suborno e manipulação de resultados.

O presidente da CFA, Song Kai, disse que 43 dos 44 foram banidos para sempre de atividades relacionadas ao futebol e outros 17 receberam banimentos de cinco anos.

O esporte há muito tempo luta contra a corrupção, que os fãs culpam pelo baixo desempenho da seleção masculina nacional.

Em agosto, um ex-vice-presidente da CFA foi condenado a 11 anos por aceitar subornos e um ex-diretor do departamento de concorrência foi condenado a sete anos pelo mesmo delito. Um ex-presidente da CFA foi condenado à prisão perpétua em março, informa o The Guardian.


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