Luiz Antônio Prósperi – 30 novembro (11h05) –
Pep Guardiola aparece na sala de entrevistas coletivas após o empate (3 a 3) do Manchester City com Feyenoord, na Champions League, quarta-feira (27/11). Tem vergões vermelhos no lustro da careca e corte sangrando no nariz. Uma clara automutilação, da qual ele fez piada e depois se desculpou. Tamanha aspereza com as próprias unhas reflete a pressão emocional a que o melhor técnico do mundo se submete diante de um dos piores momentos do City na temporada.
Agora acompanhe o relato de Jonathan Liew, do jornal The Guardian, de Londres:
“O City é um clube que gira quase inteiramente em torno da visão de Guardiola: a estratégia para atraí-lo em primeiro lugar, uma infraestrutura construída de acordo com suas especificações exatas. Um estilo de futebol que é mais autenticamente “Guardiola” do que nunca foi autenticamente “City”. Os jogadores que ele quer, e nenhum dos jogadores que ele não quer. Um pequeno esquadrão, porque é disso que ele gosta. Existem, é claro, estratégias piores do que ela de apostar o clube no treinador mais brilhante e talentoso de sua geração. A conquista de troféus do City é prova disso.
Mas isso significa que, com o tempo, o coletivo começa a assumir o caráter do indivíduo. Conforme Guardiola envelheceu e mudou, o City também: mais pragmático, mais teimoso, mais bombástico e obsessivo, preocupado acima de tudo em defender um legado em vez de construir um novo…
… De uma forma ou de outra, um acerto de contas está chegando. Pode vir no verão, pode vir dos advogados em janeiro (processo da Premier League contra o City por fraude financeira), pode até vir em Anfield no domingo (jogo contra o Liverpool), onde outra capitulação ou constrangimento certamente aceleraria a sensação de caos e desintegração.
Guardiola acaba de assinar (renovação de contrato) novamente por mais dois anos, mas de uma forma estranha o relógio já está correndo. Os erros do passado trouxeram o City ao seu presente indistinto. O que mais eles já podem estar fazendo?”, conclui o jornalista do The Guardian.
Agora, meu caro leitor desse Prósperi News, troque no texto acima o nome de Guardiola por Abel Ferreira, sem levar em conta o currículo de cada um e tempo de serviço, e o do City por Palmeiras. Vamos lá:
O Palmeiras é um clube que gira quase inteiramente em torno da visão de Abel Ferreira: a estratégia para atraí-lo em primeiro lugar, uma infraestrutura construída de acordo com suas especificações exatas. Um estilo de futebol que é mais autenticamente “Abel” do que nunca foi autenticamente “Palmeiras”. Os jogadores que ele quer, e nenhum dos jogadores que ele não quer. Um pequeno esquadrão (grupo enxuto), porque é disso que ele gosta. Existem, é claro, estratégias piores do que esta de apostar o clube no treinador mais brilhante e talentoso de sua geração. A conquista de troféus do Palmeiras é prova disso.
Mas isso significa que, com o tempo, o coletivo começa a assumir o caráter do indivíduo. Conforme Abel “envelheceu” e mudou, o Palmeiras também: mais pragmático, mais teimoso, mais bombástico e obsessivo, preocupado acima de tudo em defender um legado em vez de construir um novo…
… De uma forma ou de outra, um acerto de contas está chegando. Pode vir no verão (próxima temporada), pode vir da nova gestão de Leila Pereira em janeiro (reeleita para mais três anos de mandato), pode até vir no Mineirão na próxima quarta-feira, (jogo contra o Cruzeiro), onde outra capitulação ou constrangimento certamente aceleraria a sensação de caos e desintegração.
Abel acaba de receber proposta (renovação de contrato), novamente, por mais dois anos, mas de uma forma estranha o relógio já está correndo. Os erros do passado trouxeram o Palmeiras ao seu presente indistinto. O que mais eles já podem estar fazendo?”
Concorda com a comparação do momento Guardiola e Abel, do City e Palmeiras? Se sim, anota aí uma pequena diferença:
Abel Ferreira ainda não se arranhou, nem rasgou o nariz com as próprias unhas, se bem que esteve muito perto disso quando Flaco López arriscou uma ridícula cavadinha na tentativa de iludir John, goleiro do Botafogo, quando o jogo estava 1 a 0 a favor do time carioca.





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