O que acontece é que eles (os brasileiros) te matam, espancam, fazem o que querem, aí um torcedor faz gesto racista, o que é errado, e vira um drama

Presidenta do Palmeiras sugere que clubes brasileiros deixem a Conmebol e se filiem à Concacaf


Luiz Antônio Prósperi – 19 março (11h15) –

Futebol sul-americano está bem perto de virar uma batalha entre brasileiros e países vizinhos nos jogos da Libertadores e da Copa Sul-Americana. De um lado, os clubes do Brasil, vítimas de racismo quando enfrentam adversários sul-americanos dentro e fora de casa. Do outro lado, times estrangeiros, que alegam ser vítimas de xenofobia com seus torcedores reprimidos e detidos por forças de segurança quando jogam no Brasil.

A crise “diplomática da bola” se alastra ainda mais a partir das declarações do paraguaio Alejandro Dominguez, presidente da Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol), logo após o sorteio dos grupos da Libertadores, segunda-feira (17/3), em Assunção, Paraguai.

“Libertadores sem brasileiros é como Tarzan sem a Chita, impossível”.

Mais tarde, após sua fala racista, o presidente da Conmebol pede desculpas por meio de uma nota oficial com timbre da confederação continental.

Antes mesmo do mea-culpa do dirigente, Ministério do Esporte do Brasil condena a declaração de Alejandro e pede que ele se torne “persona non grata” no país.

Clubes brasileiros, não em sua maioria, condenam as declarações do presidente da Conmebol.

Leila Pereira, presidente do Palmeiras, reforça repúdio à entidade que dirige o futebol da América do Sul. E sugere que os clubes brasileiros deixem a Conmebol e se filiem à Concacaf (Confederação das Associações de Futebol da América do Norte, Central e Caribe).

E a CBF, sem muita ênfase, promete bater à porta da Fifa exigindo medidas mais severas à Conmebol nos casos de racismo.

XENOFOBIA NO BRASIL

A reação do outro lado da trincheira vem forte. Acompanhe.

Veja o que disse Ignacio Ruglio, presidente do Peñarol, clube grande do Uruguai e com histórico de conquistas na América do Sul:

“O que acontece é que eles (os brasileiros) te matam, espancam, fazem o que querem, aí um torcedor faz gesto racista, o que é errado, e vira um drama. Um mínimo gesto, que não deveria ser feito, mas um pequeno gesto feito no Brasil vira um drama total”.

“Então, eles podem fazer qualquer coisa com você no Brasil, é uma zona liberada. Em algum momento vamos começar a reclamar em massa para a Conmebol porque parece que, para o Brasil, todas as leis são independentes”, emenda o presidente do Peñarol.

Presidente da Federação Uruguaia (AUF), Ignacio Alonso, apoia reação dos clubes uruguaios.

“Nós apoiamos a luta contra o racismo, mas está na hora deles (autoridades brasileiras e clubes) apoiarem a nossa questão (violência policial contra torcedores uruguaios no Brasil), que é preocupante e beira a xenofobia”.

ALTA VOLTAGEM

Diante desse cenário de “nós contra eles” e a Conmebol arbitrando os conflitos sem o menor rigor é de se esperar jogos de alta voltagem na Libertadores 2025 e Copa Sul-Americana 2025 a partir do mês de abril.

Não será surpresa se, mesmo com toda evolução da organizações de torneios e jogos na América do Sul, voltarmos à era em que a Libertadores era sinônimo de guerra, violência.

LIÇÕES DE CRUYFF

Nos idos das décadas de 1960 e 1970, John Cruyff, o craque máximo do futebol holandês e um dos melhores do mundo, liderou movimento para que o Ajax, seu clube e campeão europeu, não viesse à América do Sul jogar contra o campeão da Libertadores.

Cruyff dizia que a violência dos times sul-americanos e ambiente hostil eram um desrespeito à essência do futebol.

Johan Cruyff – foto: AjaxDaily.com

Naquela época, o Mundial de Clubes era disputado em duas partidas – uma na Europa e outra na América do Sul – entre o campeão da Libertadores e o campeão da Champions League.

Clubes da Argentina e do Uruguai dominavam a Libertadores, com exceção do Santos de Pelé bicampeão torneio. Período da hegemonia do argentino Independiente, até aqui o maior campeão do torneio com sete conquistas.

VOZ DE TELÊ

No Brasil, Telê Santana era voz dissonante contra valorização da Libertadores por parte de clubes brasileiros. Telê dizia que o futebol não combinava com violência e gramados de péssima qualidade, comuns na Libertadores.

Cenário começa a mudar a partir da década de 1980 quando o futebol brasileiro passa encarar a Libertadores como torneio importante do ponto de vista financeiro.

Mesmo assim era costumeiro ver policiais militares com escudos protegendo o jogador que ia bater um escanteio. Proteção contra pedras, garrafas e copos de mijo.

Estamos bem perto de vivenciar as batalhas de antigamente nos campos de agora. Futebol não aprende com seu passado, apenas muda os tons da violência. A guerra de hoje tem nome: racismo e xenofobia.


Descubra mais sobre PRÓSPERI NEWS

Assine para receber nossas notícias mais recentes por e-mail.

Uma resposta para “Libertadores: Racismo e Xenofobia | Vem Aí a Batalha entre Brasileiros e Vizinhos de América do Sul”.

  1. […] grande questão no início do torneio é o combate ao racismo, tema central de desavenças entre Brasil e vizinhos de América do […]

    Curtir

Deixar mensagem para Libertadores 2025 | Campeão Leva R$ 136 milhões de Premiação – Confira Transmissão da Primeira Rodada na TV – PRÓSPERI NEWS Cancelar resposta

Tendência

Descubra mais sobre PRÓSPERI NEWS

Assine agora mesmo para continuar lendo e ter acesso ao arquivo completo.

Continue lendo