
O argentino Calleri e a imensidão do Morumbi incendiaram o São Paulo nesta quarta-feira, 13/04. Dessa comunhão nasceu a importante vitória do Tricolor na Copa Libertadores por 2 a 1 contra o encardido River Plate, da Argentina. Basta ao time paulista um empate no “céu” de La Paz contra o The Strongest para avançar às oitavas de final da competição. E pode ser um resultado fácil, apesar da altitude, se o time jogar com o entusiasmo que mostrou contra o River.
A vitória tem muito da alma tão pedida pela torcida e da entrega dos jogadores de Edgardo Bauza. Diferentemente das outras jornadas, o São Paulo antes mesmo de entrar no campo sabia que o coração teria de falar mais alto.
Jogou um primeiro tempo como há muito não se via. Criticado por falta de espírito de luta em inúmeras partidas, o time se desdobrou contra o River. Difícil encontrar uma explicação para essa metamorfose. Os jogadores eram os mesmos, o treinador idem. A diferença estava nas arquibancadas, com o colosso Tricolor a apertar seus jogadores e reprimir os argentinos.
Se a pulsação da torcida no Morumbi colorido foi decisiva ou não, a verdade é que o São Paulo se impôs desde os minutos iniciais. Sem medo de errar. Não se leva em conta aí a configuração tática de Bauza. A disposição dos jogadores no tabuleiro era a mesma de outros jogos. Como diferença, a entrega. Nenhum argentino poderia ter trégua.

A defesa se comportou bem, bloqueou as investidas do River pelas pontas. Não deu espaço ao meia D’Alessandro. Do meio para frente, quase tudo se encaixou. Ganso armou com maestria. Michel Bastos deu as caras. Kelvin beliscou pela ponta-direita. E Calleri fez seu papel ao martelar a zaga dos compatriotas até encontrar o gol, meio sem querer é verdade, mas gol de artilheiro.
Calleri garantiu a vitória parcial no primeiro tempo, emendando de primeira um cruzamento que bateu nas costas de Ganso e caiu de bandeja para a finalização do artilheiro
A estranhar o cala-boca que deu aos torcedores. Seria um gesto aos inimigos do River? Afinal de contas ele veio do Boca Juniors, rival eterno do River. Ou aos são–paulinos indignados com a destreza dele, Calleri?
No segundo tempo, o argentino revirou o jogo. No momento mais agudo, quando o River ocupava com autoridade o campo tricolor, Calleri apareceu em um cruzamento na área e fulminou a rede do River estabelecendo os 2 a 0. Resultado que traduzia a enorme disposição do time em busca dos três pontos.
Após o gol, era de se esperar a tradicional confusão entre os jogadores. Ali era um Brasil contra Argentina. Mas o que se viu foi argentino contra argentino no empurra-empurra e socos fortuitos no bolo de jogadores entre Calleri, sempre ele, e D’Alessandro. Ânimos acalmados. Os dois foram substituídos e jogo voltou à temperatura normal.
O São Paulo amoleceu em seguida. Sofreu um gol em falha de Denis e depois teve alguns calafrios até o encerramento da partida.
A lição que fica é de que esse time não pode esmorecer nunca. É preciso mais que alma. Não se vence jogos sem a obediência tática e o instinto dos jogadores que precisam mostrar que estão vivos. Contra o River prevaleceu o suor e a dedicação. Nem sempre vai ser assim.