Em paz no ambiente político, com a expulsão de Aidar e Ataíde, Tricolor está próximo das quartas de final. Time de Tite joga pressionado e ainda enfrenta corrupção nas categorias de base

Corinthians e São Paulo decidem nesta quarta-feira o futuro na Copa Libertadores 2016. Os dois devem passar às quartas de final. Por ter enfiado 4 a 0 no Toluca, no jogo de ida, o São Paulo tem tudo para garantir a vaga no México – só não avança se for goleado por uma diferença acima de quatro gols. A situação do Corinthians é um pouco mais complicada. Tem de vencer o Nacional, do Uruguai, no Itaquerão. Se empatar com gols, adeus viola.
No México, o São Paulo respira tranquilo e pode se dar ao luxo de deixar Paulo Henrique Ganso no banco. Mas é bom não jogar de salto alto. Times mexicanos são leões em casa e gatinhos de madame fora de seus domínios. É jogo para ter os nervos no lugar e segurança defensiva.
Eduardo Bauza terá volta do argentino Calleri (foto), artilheiro do time na Libertadores, e o goleiro Denis, após cumprirem suspensão no jogo de ida contra o Toluca no Morumbi.
No Itaquerão, o Corinthians precisa urgente se impor com autoridade. Vai encontrar um adversário que joga no contra-ataque. Não é do outro mundo, mas pode surpreender se o time de Tite não ir para cima como uma manada. A volta de Giovanni Augusto no lugar do fraquíssimo Alan Mineiro deve fazer a diferença.
O momento exige união no Corinthians e não se deixar contagiar pela crise que se alastrou pelas categorias de base, com denúncias de desvio de dinheiro de dirigentes importantes ligados ao ex-presidente Andrés Sanchez.
Não é de hoje que o departamento de futebol da base do Corinthians contamina o clube. Jogadores chegam e saem pelas mãos de empresários e, apesar de importantes conquistas dentro de campo, acabam não gerando lucros ao Corinthians.
De acordo com informações do site UOL, o senhor Helmut Niki Apaza, um empresário de futebol nos Estados Unidos e piloto de avião da American Airlines, denunciou o pagamento de comissões a Fabio Barrozo, ex-gerente da base do clube, e a Manoel Ramos Evangelista, o Mané da Carne, conselheiro vitalício do Corinthians e homem de confiança de Andrés.
Os dois teriam cobrado e recebido propina do americano em futuros negócios com garotos da base. Após a publicação das denúncias, o mundo caiu sob o presidente Roberto Andrade cobrando a expulsão de Barrozo e Mané da Carne. Andrade ainda aguarda uma investigação mais apurada para tomar uma decisão.
O presidente do Corinthians pode se mirar no que aconteceu no São Paulo, em um caso muito semelhante. No Tricolor, envolveu gente graúda. O ex-presidente Carlos Miguel Aidar e o ex-diretor de futebol Ataíde Gil Guerreiro foram expulsos do Conselho Deliberativo do clube, em julgamento do Comitê de Ética do São Paulo, após uma arrastada investigação sobre corrupção na contratação de jogadores e outros delitos.
Aidar e Ataíde estão fora do principal Conselho do São Paulo e não podem concorrer a cargos eletivos do clube, mas cabe recurso.
Coincidência ou não, depois de os dirigentes terem sido punidos pelo próprio clube, o time começou a se deslanchar na Libertadores.
No Corinthians, ainda borbulham suspeitas e o caso está longe de ser resolvido. Se as denúncias não forem esclarecidas e o comando do clube não agir rápido, a sujeira pode respingar no time, que pode ter a estreia do meia Marquinhos Gabriel (foto).
Tite quer distância dessa lama. A hora é de blindar jogadores e comissão técnica. Uma eventual queda precoce na Libertadores, dentro do Itaquerão, pode custar bem mais caro que as propinas que contaminam a base do Corinthians.