Brasileirão 2017 / análise da rodada: Fluminense e Grêmio alçam voo

Segunda rodada do Brasileirão 2017 aponta o restabelecimento de algumas hierarquias. Corinthians, por exemplo, volta a se impor com aquele estilo de vitórias econômicas e muita segurança. Grêmio contundente, como aprecia Renato Gaúcho. Santos, mesmo nos braços do goleiro Vanderlei, forte na Vila Belmiro. Fluminense sem medo de ser feliz. E a Chapecoense apresentando sua nova identidade.

DE VOLTA AO FUTURO

Corinthians econômico e seguro, modelado por Mano Menezes e principalmente Tite, ressurge nas mãos de Fabio Carille. Joga com extremo cuidado defensivo e parte com a ferroada mortal no contra-ataque. Em casa, contra a Chapecoense na estreia, provou do seu veneno. Em Salvador, recuperou o tempo perdido ao derrotar o Vitória por 1 a 0, gol de Jô, com o velho figurino. Sofreu poucos sustos, nada a tirar a paz de Cassio, e resolveu o jogo quando a bola saiu redonda de Jadson a Marquinhos Gabriel e dali ao chute fatal de Jô. Esse deve ser o caminho que o Corinthians vai seguir no campeonato.

BRAÇOS DE FERRO

Sem meio time e com direito a perder Lucas Lima nos primeiros minutos do jogo, o Santos fez valer sua força na Vila Belmiro. Abriu vantagem logo cedo, com David Braz, e não mais incomodou o Coritiba. Se deixou encurralar, com marcação frágil, uma enormidade de passes errados e muito nervosismo. Evidente que a arrebentação das ondas seria na área de Vanderlei. Ágil e seguro, o goleiro ergueu um muro entre os três paus. E foi coroado ao final com a defesa de um pênalti mal batido por Alecsandro. Vitória santista por 1 a 0, com assinatura de Vanderlei.

CHAPE FORTE

Derrotar os reservas do Palmeiras não chega a ser uma tarefa árdua. O que chama atenção na Chapecoense é a série de três bons resultados em uma semana de desafios. Primeiro, o empate (1 a 1) com o Corinthians no Itaquerão. Segundo, a vitória (2 a 1) contra Lanús, da Argentina, fora de casa, no jogo vital para permanecer na Copa Libertadores. Terceiro, bater o campeão brasileiro, mesmo sem força máxima, na primeira partida do Brasileirão 2017 na agora emblemática Arena Condá. A Chape conseguiu. É como se tivesse tirado uma nova carteira de identidade.

EM NOME DO ZÉ

No sábado, Flamengo voltou a respirar depois do nocaute com a eliminação na Copa Libertadores no meio de semana. Como uma irmandade e respeito profundo ao técnico Zé Ricardo, o time venceu o Atlético-GO por 3 a 0 fora de casa. Na comemoração dos gols, jogadores fizeram questão de mostrar união de quem está fechado com o treinador e torcida. Pode ser um recomeço. Quanto ao Atlético-GO, sinal de alerta – em dois jogos, duas derrotas e sete gols sofridos. Caminho seguro de volta à Série B.

ABEL & RENATO

Maior surpresa nessas duas rodadas do Brasileirão 2017 é sem dúvida o Fluminense de Abel Braga. Derrotou dois favoritos ao título – Santos e Atlético-MG – com um jogo agressivo e eficiente. Nesse domingo derrubou o Atlético, até então quase imbatível em sua fortaleza do Horto. Bom lembrar que suportou a pressão do Galo com um jogador a menos desde os 32 minutos do segundo tempo, quando Sornoza saiu machucado e Abel havia feito as três substituições. O Fluminense tem seis pontos e perde para o Grêmio no saldo de gols ( 4 a 2). O time de Renato Gaúcho também pede passagem. Contundente, liquidou o Atlético-PR por 2 a 0, gols marcados antes dos 15 minutos do segundo tempo. Quando o time paranaense acordou, o estrago estava feito. Furacão vira um ventinho – dois jogos, duas derrotas.

O QUE ELES DISSERAM

“Entramos distraídos no segundo tempo.”Paulo André, zagueiro do Atlético-PR, sobre a derrota para o Grêmio.

“Resultado bom. A gente veio com o intuito de ganhar, não só para arrancar o empate. Jogo fora tem de saber jogar, ter inteligência. E nossa equipe tem maturidade para saber aproveitar a oportunidade. Graças a Deus, consegui fazer mais um gol.”Jô, atacante do Corinthians, na vitória contra o Vitória.

“Não é porque o Atlético-MG é o melhor que vai ganhar sempre. Tivemos muita luta, disposição e cultura tática. Foi uma vitória que emociona, de verdade. Foi com um jogador a menos. Eu jamais falo de arbitragem. Mas o que eu assisti hoje… as inversões de falta foram lamentáveis. Com certeza, os comentaristas vão passar um programa inteiro falando. Não falo de idoneidade. Mas tentaram nos tirar a vitória. Este jogo, o de número 250 meu pelo clube, é um momento único, fantástico.” Abel Braga, técnico do Fluminense.

“Também não era garantia de vitória se viessem (os titulares), mas ficaram trabalhando (em São Paulo) numa condição em que estarão 100% na quarta (jogo contra Tucumán). Tomara que, lá na frente, a gente recupere esses pontos perdidos aqui (para Chapecoense).” Cuca, técnico do Palmeiras, depois da derrota para Chape.

Respeito as escolhas da comissão técnica da Seleção Brasileiro. Penso, sim (na convocação), mas deixo a critério do treinador. Ele é competente e vai saber o que fazer. Se a oportunidade aparecer, vou trabalhar para não sair mais.” Vanderlei, goleiro do Santos, depois da vitória contra Coritiba.

“Importante ressaltar que a gente continua muito dolorido, machucado com a eliminação. Queria muito estar classificado paras as oitavas de final da Libertadores, dar essa alegria para a torcida que tantas bonitas festas fez no Maracanã. É aceitar, ter coragem. A história não vai ser apagada, é tentar escrever uma nova história.” Zé Ricardo, técnico do Flamengo, após seu time vencer o Alético-GO.

(texto publicado no CHUTEIRA FC – leia mais notícias e opinião de futebol)