Clubes brasileiros ensaiam uma revolução contra CBF ao exigir, por meio de documento oficial registrado nesta terça-feira (15/6), poder igualitário às federações estaduais nas eleições da própria CBF e, por tabela, a criação de uma Liga para tomar conta da gestão do Brasileirão.
Enfim, querem de fato assumir o comando do futebol nacional.
Trata-se de um movimento fora do normal do que estamos acostumados a ver na CBF desde 1958 quando João Havelange se elegeu presidente da então Confederação Brasileira dos Desportos (CBD).
Dos anos 1950 até este junho de 2021, o que se tem é a CBF empoderada pelas 27 federações estaduais, donas da maioria dos votos que elegem os presidentes e controladoras das rédeas na administração do futebol.
Federações que se tornaram ainda mais poderosas quando o então presidente Marco Polo Del Nero deu um golpe, alterando estatuto da CBF em 2018, dando peso 3 em cada voto das Federações – elas sempre teriam 81 votos (27 das federações x 3) contra peso 2 dos 20 dos clubes da Série A (40 votos) e peso 1 dos 20 clubes da Série B (20 votos).
Na soma geral, Federações têm 81 votos contra 60 dos clubes (Séries A+ B). Portanto, são elas que elegem o presidente e vices da CBF.
Movimento dos clubes tem como meta acabar com essa farra das Federações. E ditar rumos do futebol no país.
Enfraquecida e sem um norte com a queda anunciada do presidente Rogerio Caboclo, acusado de assédio moral e sexual, CBF tem agora essa bomba no colo jogada pelos clubes.
Dirigentes de clubes argumentam que não querem uma ruptura com o sistema atual do futebol brasileiro. Mas exigem uma nova gestão, sem volta.
Ao longo da história, a unidade dos principais clubes brasileiros tem proporcionado um fracasso atrás do outro. Avanços e retrocessos.
Se essa revolução dos clubes sair vitoriosa, futebol do Brasil vai passar por mudanças drásticas. A conferir.
Diante das declarações de líderes de clubes e propostas em debate, esse jornal News Prósperi aponta como seria o futebol brasileiro a partir de 2022. Acompanhe:
Novo presidente da CBF após queda de Rogerio Caboclo – dirigente seria indicado e eleito pelo consenso dos clubes.
Seleção Brasileira principal e de base – continuaria de responsabilidade exclusiva da CBF.
Campeonato Brasileiro Séries A e B – teria gestão de uma liga criada pelos clubes já a partir de 2022, com atribuições de organizar calendário de jogos, assumir controle dos direitos de TV e de marketing, e administrar a comissão de arbitragem.
Campeonato Brasileiro Série C e D – continuaria como atribuição da CBF.
Campeonatos Estaduais – continuariam de responsabilidade das Federações, mas com drástica redução nas datas dos jogos.
Confira documento oficial dos Clubes divulgado na terça-feira (15/6):
“Por unanimidade dos presentes, 19 Clubes da Série A do Futebol Brasileiro – em razão de diversos acontecimentos que vêm se acumulando ao longo dos anos e que revelam um distanciamento total e absoluto entre os anseios dos clubes que dão suporte ao futebol profissional brasileiro e a forma como que é gerida a CBF – reunidos nesta data, decidiram adotar postulações e resoluções na forma abaixo elencada:
1. Requerer a imediata alteração estatutária que consagre uma maior participação dos Clubes nas decisões institucionais e na gestão da CBF, admitindo-se os clubes como filiados desta entidade;
2. Dentre os itens desta alteração estatutária, necessariamente deve ser incluída a votação igualitária nas eleições para escolha do Presidente e Vice-Presidentes da CBF, sendo certo que Federações e Clubes das Séries A e B terão seus votos contados de forma unitária e com o mesmo peso entre si;
3. Ainda no que se refere à alteração estatutária, inclui-se o fim dos requisitos mínimos para inscrição nas chapas concorrentes à eleição desta entidade, abolindo-se a necessidade de apoio de 8 (oito) federações e 5 (cinco) Clubes, permitindo-se o lançamento de chapas que tenham o apoio expresso de, ao menos, 13 eleitores independente de serem clubes ou federações;
4. Comunicar a decisão da criação imediata de uma Liga de futebol no Brasil, que será fundada com a maior brevidade possível e que passará a organizar e desenvolver economicamente o Campeonato Brasileiro de Futebol. Além dos Clubes signatários, os Clubes da Série B serão convidados a integrara a Liga.
Os clubes adotarão medidas efetivas para consumar a sua associação, para, de forma organizada, exercerem a administração do futebol brasileiro e do seu calendário.”