Clubes do grupo de elite do futebol brasileiro continuam divididos. A união está muito longe de acontecer. Não há entendimento na criação de uma liga nacional redentora e rentável, muito menos na mudança do regulamento da Série A do Brasileirão propondo redução no número de rebaixados à Série B – passando de quatro para três clubes.
Única unanimidade entre os clubes foi o aumento no limite de jogadores estrangeiros por time – de cinco para sete – a serem relacionados por jogo. Compradores a granel no mercado sul-americano, o interesse era poder usar o maior número possível de gringos por partida. CBF aceitou.
Mas o grande racha começa na criação da Liga na criação da Liga. De um lado estão 18 clubes abrigados na sigla Liga do Futebol Brasileiro (Libra). Do outro, 26 compondo a Liga Forte Futebol do Brasil (LFF).
Clubes da Libra (18): Bahia, Botafogo, Corinthians, Cruzeiro, Flamengo, Grêmio, Guarani, Ituano, Mirassol, Novorizontino, Palmeiras, Ponte Preta, Red Bull Bragantino, Sampaio Corrêa, Santos, São Paulo, Vasco e Vitória.
Clubes da LFF (26): ABC, Athletico-PR, Atlético-MG, América-MG, Atlético-GO, Avaí, Brusque, Chapecoense, Coritiba, Ceará, Criciúma, CRB, CSA, Cuiabá, Figueirense, Fluminense, Fortaleza, Goiás, Internacional, Juventude, Londrina, Náutico, Operário, Sport, Tombense e Vila Nova.
A LFF diz que tem acordo fechado com um investidor americano no valor de R$ 4,8 bilhões. A Libra não divulga valores, mas garante que pode atrair um investimento mais alto.
Divergência maior entre as duas ligas não é apenas nos valores e sim no formato de distribuição do dinheiro.
Nesse momento, entendimento entre Libra e LFF parece distante, impossível.
Vinho de uma Liga Nacional redentora do futebol brasileiro caminha para virar vinagre.
REBAIXAMENTO
Outra rusga entre os clubes vem da proposta de se alterar o número de clubes rebaixados da Série A do Brasileirão 2023. Proposta dos 20 clubes da Série A é passar de quatro para três times rebaixados no campeonato com início previsto em abril.
A minuta dessa proposta foi repassada pelos 20 clubes ao presidente da CBF nessa terça-feira (14/2) na reunião do Conselho Técnico do campeonato.
Mais que equilibrar a disputa, rebaixando três e não quatro, sugere medo dos grandes clubes e não um eventual equilíbrio de forças.
Lembrando que Vasco, Grêmio, Cruzeiro e Bahia subiram da Série B de 2022 para Série A de 2023. Portanto, Brasileirão teria apenas Cuiabá, América-MG e Goiás sem poder financeiro a encarar os grandes.
Risco de um dois grandes caírem é enorme. Por isso a proposta de diminuir o número de rebaixados à Série B.
Caindo três, automaticamente subiriam apenas três da Série B à Série A de 2024.
Os 20 clubes da Série B 2023 já se manifestaram pedindo à CBF que não se aceite a proposta dos 20 times da Série A. Insistem que o regulamento não pode ser alterado esse ano. E batem o pé: caem 4 e sobem 4.
CBF parece inclinada a pender para o lado dos 20 clubes da Série B.
Está na mesa: clubes da elite do futebol brasileiro continuam desunidos. Continuam perdendo dinheiro e prestígio.
São Paulo 14 fevereiro 2023. Por Luiz Antônio Prósperi