Tite tem medo, a dois meses da Copa do Mundo 2022. A convocação da Seleção Brasileira na manhã dessa sexta-feira (9/09) – para amistosos contra Gana e Tunísia – escancara as preocupações do treinador. Seu maior pavor é repetir no Qatar os equívocos e prepotência que marcaram seu fracasso na Rússia 2018.
Não por acaso, nessa última chamada antes da lista final do Mundial de 2022, Tite amplia seu número de cartas. Espera, ao tomar essa providência, chegar a Doha com risco zero de perder jogadores importantes antes e durante a Copa.
Ainda atormenta a cabeça de Tite seu planejamento de um aprendiz na Copa russa.
Vamos aos erros de 2018.
Quando perdeu Daniel Alves, por lesão, a pouco menos de um mês do embarque a Moscou, Tite percebeu que não havia se resguardado com mais testes na lateral-direita pré-Copa. Recorreu ao seu xodó Fagner, de nenhuma experiência internacional.
Durante o Mundial, Danilo, então titular com ausência de Daniel Alves, se machucou. Fagner virou titular. E no jogo decisivo contra a Bélgica, viu Hazard passar por cima, com extrema facilidade, do lateral do Corinthians.
Agora a história se repete. Danilo é titular absoluto da Seleção. Daniel Alves se arrasta em campo em recusa à aposentadoria consumada.
O que fazer em 2022?
Tite ainda acredita em Daniel Alves. Por isso, não convocou nenhum lateral-direito de ofício reserva de Danilo para os amistosos contra Gana e Tunísia. Mas, por precaução, adianta que zagueiros como Eder Militão e Ibãnez (surpresa na lista de hoje), podem fazer a função de lateral.
Se insistir em Daniel Alves, Tite vai cometer mesmo erro de 2018.
Outro setor que perturba Tite e que o treinador esconde sua aflição é no meio-campo.
Em 2018, levou Renato Augusto, sem as mínimas condições físicas, por gratidão ao desempenho do ex-meia do Corinthians nas Eliminatórias. Renato estava no futebol chinês, de exigência zero e quase amador.
Sem Renato Augusto inteiro, Tite usou Coutinho na função. Matou Coutinho, claramente sem cacoete para exercer a função, e por tabela sacrificou Gabriel Jesus obrigado a marcar laterais e volantes. Jesus fez o sacrifício da marcação por Neymar e Coutinho na linha de frente. Enquanto isso, Coutinho ajudava Casemiro e Paulinho na marcação do meio-campo.
Fred, outro dos preferidos de Tite, também chegou a Moscou em 2018 sem condições físicas para suportar a Copa inteira. Quando chamado aos leões, pouco entregou. Era reserva de Renato Augusto.
Tite recorre a Fred agora em 2022. Por precaução, tem o jovem e tenro Bruno Guimarães à espreita no caso de Fred falhar novamente.
E não custa lembrar que ainda aposta em Philippe Coutinho como um imediato de Lucas Paquetá ou Neymar. Everton Ribeiro, do Flamengo, volta a ser chamado no caso de uma emergência. Sem falar ainda que Tite tem admiração por Gustavo Scarpa e certo respeito por Raphael Veiga.
No ataque, Tite amplia ainda mais suas opções. Providência mais que acertada para não repetir as bolas fora de 2018 quando levou o insosso Taison, então no Shaktar Donestk, e Douglas Costa, sempre refém de lesões de última hora.
Taison não jogou nenhum minuto na Copa da Rússia. Douglas Costa perambulou na reserva e entregou quase nada nos jogos.
No Qatar, a história pode ser diferente. Por sorte de Tite, a Fifa concede aos técnicos a convocação de 26 jogadores e, por consequência, facilita a vida do treinador da Seleção Brasileira.
Tite vai levar no mínimo oito atacantes a Doha. Dessa vez com gente nova, de “perninhas rápidas” como ele mesmo confere.
Terá pontas de ofício como Raphinha, Antony e Rodrygo na direita e Vinicius e Gabriel Martinelli na esquerda. E acumula uma porção de atacantes de área: Pedro, Matheus Cunha, Firmino, Richarlison, Gabriel Jesus.
Desse cartel de atacantes e pontas, Raphinha, Antony, Rodrygo, Vinicius, Pedro, Richarlison e Gabriel Jesus estão na convocação definitiva da Copa.
Martinelli, Firmino e Matheus Cunha ficarão de sobreaviso no caso de um dos preferidos apresentar problemas na reta final da Copa.
Tite tem medo. Por isso faz questão de afirmar que ninguém está garantido no Qatar 2022. Como terá apenas duas semanas de preparação ao Mundial, vai chamar quem estiver nas pontas dos cascos.
Sua ilusão é conquistar o mundo em Doha e passar o bastão da Seleção de cabeça erguida ao seu sucessor. Mesmo sem a coroa de campeão, Tite não espera ser marcado como um fracassado refém de sua teimosia e convicções.
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