Neymar é o alvo e a bomba ao mesmo tempo. Tite tem consciência do que pode acontecer na Copa do Mundo. A encrenca é como preservar o craque no Qatar para livrar a Seleção de graves consequências. E não estender o tapete ao ídolo.
Os amistosos contra Gana e Tunísia deixaram claro que Neymar será caçado, provocado e também como se comportará no revide.
Neymar levou dois cartões amarelos, um no jogo com os ganeses e outro diante dos tunisianos nessa terça-feira (27/9). Apanhou muito e não deixou por menos com revide e ironias.
Não por acaso Neymar se sente perseguido e já projeta uma Copa dura no embate com adversários e arbitragem.
“Me preocupa. Para ser sincero, me preocupa. Eu até conversei um pouquinho com o Tite e falei. Fiz uma falta hoje (contra Tunísia), na primeira minha, já vem o amarelo. Sofri uma no segundo tempo, puxando contra-ataque. Ele me derruba, me agarra e nada de amarelo. São coisas que um bom senso às vezes para o meu lado nunca tem. É complicado, às vezes você faz uma falta… eu fiz a falta sem querer, pisei sim no pé dele. Até parei na hora e levantei a mão falando que pisei. E já tomo amarelo. São coisas que não dá para entender”.
Revides assim na Copa podem ser fatais. Há um pé atrás contra Neymar. As cenas que viraram meme na Copa da Rússia 2018, com o craque rolando na grama a cada falta sofrida, voltam ao imaginário de adversários, árbitros e torcidas.
“Começou a Copa do Mundo (risos). O primeiro jogo da Copa foi hoje (amistoso em Paris) eu acho. Os jogadores da Tunísia acabaram se empolgando um pouquinho mais com a torcida, que estava insana. Fizeram uma grande festa. Mas exageraram um pouquinho na força. Mas nosso time teve a cabeça boa, jogamos futebol e conseguimos vencer o jogo”, disse Neymar, após o jogo.
Tite, refém de Neymar em todos os sentidos, parece mais propenso a não alertar o craque contra a perseguição e os inevitáveis revides.
Veja o que Tite falou de Neymar após a goleada contra Tunísia
“Estávamos em uma atmosfera onde a maioria da torcida era da Tunísia. Em alguns pontos eu tentava localizar nossos torcedores, eles diluídos. Isso criou uma atmosfera de jogo competitivo. O jogo dentro do campo sabíamos que seria competitivo, leal, mas não imaginava o lance que aconteceu com o Neymar. É lance de tirar um jogador da Copa do Mundo. A forma como foi colocada, não imaginava que tivesse essa situação.”
E arrematou a respeito da preparação de Neymar:
“Primeiro, o Neymar tem que ser elogiado pois teve a consciência profissional. Segundo, o Ricardo Rosa, seu preparador particular, que deu todo o suporte. Em terceiro o PSG, que trouxe a ele todo o suporte e essa continuidade de evolução. Nós, enquanto Seleção, ficamos muito felizes porque somos beneficiados em função desse processo todo desse nível que ele está”.
“Ficamos acompanhando, tendo os nossos jogos, todo essa evolução que ele teve. Como é que fala a ‘Mentalidade Mamba’? Se preparar e continuar se preparando. É o livro do Kobe Bryant, que foi colocado um pouco da ideia e conexão que procuramos com os mais jovens, estabelecer uma conexão com os atletas. O Kobe fala isso na Mentalidade Mamba”.
Neymar sempre será alvo dos adversários e dos olhares atentos da arbitragem. Muito do futuro da Seleção na Copa passa pelo comportamento do craque. Se apanhar e der o outro lado da face ao inimigo, tudo certo. Se revidar, a bomba vai cair no colo de Tite. Tic tac, tic tac.