Casos de violência no futebol brasileiro se alastram. Providências paliativas são tomadas a cada incidente, seja pelas por forças de segurança, Ministério Público e até entidades responsáveis pela gestão do futebol. Nada se resolveu.
Nesta segunda-feira, a Procuradoria do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) disse que vai denunciar Flamengo e Palmeiras pelo confronto de torcidas organizadas dos dois times no Estádio Mané Garrincha, em Brasília, quando 30 torcedores foram detidos e um, em estado grave, foi levado a um hospital do DF.
Flamengo e Palmeiras, de acordo com o STJD, podem ser punidos com até dez mandos de campo – jogar sem torcida em suas arenas – e multas de R$ 100 a R$ 100 mil.
Paulo Schmitt, procurador do SJTD, admite responsabilizar os clubes por não garantir a segurança no estádio. A denúncia tem como base o Código Brasileiro de Justiça Desportiva. Portanto, na opinião de Schmitt, dentro da lei.
A punição aos clubes, pesada ou não, pode ser legal do ponto de vista jurídico das leis que regem o futebol no Brasil. Se você fizer um levantamento das medidas mais recentes dos órgãos responsáveis pela gestão do nosso futebol, os clubes têm sofrido penas de todos os tipos, desde leves até jogos com portões fechados e multas, por causa da violência das torcidas.
Mesmo assim, as facções organizadas continuam com sua rotina de derramar sangue em nome da paixão pelo futebol. Clubes não conseguem se livrar dessas organizações, diriam messiânicas. Muitos deles fazem questão de ter laços fraternos com as organizadas.
O curioso nessa história é que as Federações Estaduais a que esses clubes são filiados nunca são punidas. Muito menos a CBF.
Se você analisar o Regulamento Geral de C0mpetições (RCG) da CBF, vai deparar com enormidade de taxas e obrigações cobradas pelas Federações e CBF dos clubes para a realização dos jogos.
Na hora de receber esse grana dos clubes, descontada das rendas dos jogos, Federações e CBF são as grandes beneficiadas. Na hora de responder pela organização dos jogos, como segurança do evento e dos estádios, Federações e CBF se eximem da responsabilidade.
O Brasileirão é de responsabilidade da CBF. É a entidade que determina as regras esportivas e comerciais do campeonato. A gestão da competição é da CBF e de suas Federações filiadas.
Mas quando a violência se alastra e cadáveres se amontoam nas estatísticas do nosso futebol, CBF e Federações nunca aparecem entre as responsáveis, portanto, passíveis de punição.
Escapam ilesas da mão pesada do Ministério Público, Secretarias de Segurança dos governos e do famigerado Superior Tribunal de Justiça Desportiva.
Passou da hora de a CBF e Federações entrarem na lista das responsáveis pela segurança dos jogos do futebol. Atribuir toda a carga aos clubes é um acinte.
A reação dos clubes à violência de suas torcidas têm sido tímidas, quando não há cumplicidade entre as duas instituições. E La Nave Va.