Michael Phelps, 31 anos, 1,93 m, conquistou sua 21.ª medalha de ouro olímpica, a terceira nos Jogos do Rio, ao fechar a prova dos 4 x 200 livre nesta terça-feira (09/8). Não há limites ao mito. O nadador nasceu nos Estados Unidos, comprovam seus documentos, mas é de outro planeta.
Na história terrestre não vai ser fácil encontrar um atleta com vinte e uma medalhas de ouro. Não se vira lenda por acaso, nem por decreto.
No Rio, como se estivesse na piscina de sua casa, Phelps ajudou seu time a derrotar os franceses no revezamento 4 x 100, recuperando título perdido na Olimpíada de Londres 2012. Faturou os 200 m borboleta por incontáveis quatro milésimos abaixo do japonês Masato Sakai e levou o ouro por equipe nos 4 x 200.
Se já era um emblema ao desembarcar no Brasil, há pouco mais de uma semana, ampliou suas braçadas ao infinito. Phelps passou de um supercampeão a um caso de estudo. Sua trajetória no esporte e na vida de cidadão norte-americano não cabe em um filme, uma tese, uma história comum.
Depois de Londres 2012, quando subiu ao céu com o peito coalhado de medalhas, o nadador abandonou as piscinas. Foi curtir sua vida de campeão. Trocou as águas pelo álcool, se encrencou com a Justiça, se desentendeu ainda mais com seu pai, passou por clínica de recuperação e, por pouco, não encolheu as mãos, apertou os braços, recolheu as pernas e disse adeus à natação.
Em menos de quatro anos, revirou tudo. Assumiu a namorada, teve um filho, e deixou de lado brigas e desavenças com a família. Colocou na cabeça, com ajuda expressiva da sua mãe, que deveria vir ao Rio e escrever o último capítulo da sua história no esporte.
Bendita hora ao tomar essa decisão de se despedir das águas no Brasil. Não se recebe na sua sala um ser de outro planeta sem cerimônia. A casa é sua, Michael.