
Inebriado com os 6 a 0 em cima da modesta Honduras nas semifinais, Brasil dos meninos tem direito a pensar em devolver o 7 a 1 da Alemanha, de trágica lembrança da Copa de 2014, na decisão da medalha de ouro no sábado (20/8), 17h, no Maracanã, na Olimpíada do Rio. Direito, sim. Dever, não.
São circunstâncias distintas, competições diferentes, nada parecido com o maior desastre da história do futebol brasileiro. O único ponto a unir os dois eventos é o fato de o Brasil ter sido a sede tanto da Copa do Mundo como da Olimpíada. E paramos por aí.
Entre os jogadores nestes Jogos do Rio, nenhum deles esteve no 7 a 1. Nem alemães, nem brasileiros. Neymar, único remanescente da Copa de 2014, não participou daquele jogo. Estava de cama recuperando-se de uma pancada criminosa que levou de Zuñiga nas costas.

O problema é convencer o torcedor de que a decisão do ouro não é uma vingança contra os carrascos germânicos. No Maracanã, com pouco mais de 50 mil torcedores, cantos de “Ô Alemanha, pode esperar, a sua hora vai chegar” se espalharam pelo estádio antes mesmo de o Brasil ter consumado a estrondosa vitória contra Honduras.
Este mesmo refrão se repetiu no Itaquerão, após a vitória dos alemães contra a Nigéria por 2 a 0, no início da noite desta quarta-feira, resultado que credenciou o time à disputa do ouro. “Ô Alemanha, pode esperar, a sua hora vai chegar”, cantaram os paulistas na arena do Corinthians.
Sentimentos de torcidas não cabem em estratégias de times vencedores. Serve, no máximo, como estímulo a buscar o resultado. E também como uma questão de respeito.
Até por isso, jogadores da Seleção Olímpica e mais ainda a comissão técnica não podem entrar nessa “pilha”. É preciso estudar esta “baby” Alemanha, qualidades e defeitos.
Nas semifinais contra a Nigéria, eles jogaram no 4-1-4-1. Tudo muito mecânico e organizado. Obedientes como bons alunos da Alemanha de verdade, atual campeã do mundo.
É bom ficar de olho no atacante Gnabry, forte e grandalhão, que atua aberto no setor esquerdo. Tem habilidade e arremata forte ao gol. Deve jogar em cima do baixinho Zeca. O lateral Klostermann, de boa estatura, desce muito. Pode franquear o território a Gabriel Jesus. E não se esquecer dos irmãos Bender, volantes de boa marcação e saída de jogo. Um deles vai cuidar de Neymar.
Não custa ainda prestar atenção nos movimentos do goleiro Horn. Discípulo de Neuer, usa muito os pés na saída de bola, mas sem a destreza do mestre. Pode entregar a rapadura se for acossado pelos atacantes brasileiros como Neymar fez contra Honduras no primeiro gol do Brasil, aos 14 segundos de jogo.
Bom, a mesa está servida. Brasil vem com apetite para morder o ouro. Alemanha, fria e eficiente como sempre, só pensa em estragar o banquete. E a torcida brasileira está engasgada com o 7 a 1.