Duro é convencer a torcida brasileira de que os alemães não merecem levar uma sova na final dos Jogos do Rio 2016
Brasil se reconciliou com seu futebol, tão maltratado nos últimos tempos, ao despachar Honduras por 6 a 0 na semifinal dos Jogos do Rio. Há quem possa argumentar sobre a fragilidade do adversário, de nenhuma tradição. Pode ser. Mas não deslustra uma goleada construída com belos gols, alegria e leveza, sem aqueles rancores, medos e tédio que têm marcado a instituição Seleção Brasileira.
A vitória no Maracanã nesta quarta-feira (17/8) se deu em cima do conceito imposto por Rogério Micale de se jogar no ataque, sem perder o equilíbrio, e de valorização do talento. Neymar, o símbolo e o imã dessa vertente resgatada pelo treinador.
Funcionou tão bem a ponto de o Maracanã entoar o canto em louvor a Neymar, com menos de dez minutos de jogo, e a rendição ao futebol livre das amarras dos tempos de Dunga.
“Olê, Olê, Olá, Neymar, Neymar” se espalhou no estádio. Bem diferente, do “Olê, Olê Olá, Marta é melhor que Neymar” entoado no Mané Garrincha no início da travessia da Seleção Olímpica nos Jogos do Rio.
Agora era o Brasil de verdade. Do descrédito nos dois primeiros jogos ao prazer absoluto na sequência do mata-mata. E a expectativa da final neste sábado em busca da absolvição total na conquista do ouro.
ANÁLISE DO JOGO
Um gol aos 14 segundos muda tudo. Do lado de quem leva o gol, a estratégia vai por água abaixo. De quem marca, a confiança se expande. Nesse breve espaço de tempo, com menos de um minuto de partida, Neymar fez o gol em cima de Honduras e revirou o jogo. Sinal de que o Brasil não sofreria contra um adversário disposto a se defender com força, bater à beça e contra-atacar.
Dessas três alternativas táticas dos hondurenhos, depois do gol de Neymar, restou a temporada de caça aos brasileiros. Em menos de 30 minutos haviam cometido 11 faltas – oito delas em Neymar.
Sem pensar em outro caminho, a não ser descer a marreta, eles não conseguiram reorganizar o sistema defensivo. Continuaram marcando em linha, um convite à festa de passes infiltrados do Brasil aos atacantes de velocidade, no caso Gabriel Jesus.
De um passe de Luan, o menino do Palmeiras fez o segundo gol do Brasil, aos 25, com um toque de primeira. E de um passe de Neymar, o garoto marcou o terceiro da seleção, aos 33. Era a consagração de Jesus no Maracanã. Dois gol levaram torcedores do Manchester City, nas redes sociais, a se render ao novo reforço do time.
Três gols nas costas e um Maracanã festivo na cabeça, Honduras estava liquidada antes mesmo dos 35 minutos do primeiro tempo. Cabia ao Brasil dar o ritmo, não se desgastar e, sem esforço, aumentar a coleção de gols.
No segundo tempo, o técnico colombiano da seleção hondurenha mudou seu esquema. Quebrou a linha de marcação de cinco zagueiros, postou dois volantes e mais um atacante. Tentativa de equilibrar o jogo, mesmo com três gols de desvantagem.
Não deu tempo. Com cinco minutos, o zagueiro Marquinhos marcou o quatro de uma sobra de um escanteio. Brasil já estava na final e na briga direta pelo ouro inédito.
Os 4 a 0 davam ao técnico Micale a chance de poupar alguns jogadores de olho na decisão de sábado no mesmo Maracanã. O treinador deu descanso a Rodrigo Caio, Renato Augusto e Jesus.
Mudaram as peças, a engrenagem não. Seleção continuou fiel à troca de passes, voltada ao ataque. Então, Luan fez o quinto em boa trama com Felipe Anderson. E Neymar encerrou a festa com um gol de pênalti, aos 46.
Que venha a Alemanha, adversária da decisão ao derrotar Nigéria por 2 a 0. Futebol brasileiro está a um passo de retomar sua trilha de vitórias consagrados e reafirmar seu conceito de se jogar bonito sempre em nome do gol. A conferir.
FICHA DO JOGO
Brasil 6 x 0 Honduras
Gols: Neymar, aos 14 segundos, e Gabriel Jesus, aos 25 e 34 minutos do primeiro tempo. Marquinhos, aos 5; Luan, aos 33; e Neymar, de pênalti, aos 46 do segundo tempo
Brasil: Weverton, Zeca, Marquinhos, Rodrigo Caio (Luan Garcia) e Douglas Santos; Wallace e Renato Augusto (Rafinha); Gabriel, Luan, Neymar e Gabriel Jesus (Felipe Anderson). Técnico: Rogerio Micale
Honduras:Luis López; Paz, Palacios e Vargas (Salas); Pereira, Espinal, Acosta (Allan Banegas) e Brayan García; Elis, Quioto e Lozano (Benavidez). Técnico: Jorge Luiz Pinto
Juiz: Ouviu Hategan (Romênia)
Cartões amarelos: Acosta, Vargas, Rodrigo Caio, Palácios e Espinal.
Público: 52.457 pagantes
Local: Maracanã