Brasil favorito nos esportes coletivos esfarela na reta final dos Jogos do Rio. Uma das últimas apostas é a seleção do futebol masculino, após a queda do time de Marta, a derrocada do vôlei feminino, do handebol, do basquete e das incertezas com o vôlei de quadra dos rapazes. Até por isso, a responsabilidade do time de Neymar é imensa. Vencer Honduras neste início de tarde desta quarta-feira (17/8) é uma obrigação em busca do ouro no sábado contra o vencedor de Nigéria x Alemanha.
Muitas vezes rejeitado em históricas edições, o futebol de homens nunca combinou com Olimpíada. Da época do comunismo aos tempos de esperança com seleções africanas, o Brasil jamais pendurou uma medalha de ouro nos seus craques imberbes.
A hora é agora. Em casa, como na Copa do Mundo de 2014, a seleção tem de encantar serpentes no Maracanã nesta quarta e no sábado. Fazer valer a proposta de um futebol ofensivo de resgate da excelência do futebol brasileiro, destemido em busca do gol sem cessar e com requintes de arte, argumentos esquecidos desde a derrota na Copa do Mundo da Espanha (foto) em 1982.
Qualidades e obrigações que ficaram distantes nesta Olimpíada nos dois primeiros jogos contra África do Sul e Iraque e ressurgiram contra Dinamarca e Colômbia.
Não passa na cabeça de nenhum torcedor, por mais descrente que seja, não chegar à final do torneio. Honduras, de futebol apenas honesto nos Jogos Olímpicos, não deveria assombrar nem o Olaria ou o Bangu, já que estamos no Rio. É presa fácil.
Contra esse adversário de pouca tradição, Neymar & Cia estão pressionados a mostrar ao mundo a força do futebol pentacampeão e encobrir, se é que possível, as mazelas de cartolas eternos como João Havelange, morto nesta segunda-feira (16/8) no Rio.
Havelange, 100 anos, morreu esquecido. Não fosse sua ganância por cédulas verdinhas, teria sido um revolucionário no futebol ao transformar esse esporte em uma potência econômica e política. Quis mais que isso e acabou na vala dos corruptos.
Seu desaparecimento, por si só motivo de júbilo em todos os campos e arenas, não valeu nem sequer um minuto de silêncio nas competições desta terça–feira (17/8) da Olimpíada do Rio.
Neymar e sua turma nem sabem quem foi João Havelange. Têm consciência de que precisam da medalha de ouro, um feito inédito desde os tempos em que o maior cartola do mundo dominava o futebol, e abrir novas janelas contra a escuridão.

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