Seleção Brasileira cai diante da Suécia na disputa dos pênaltis e coloca um ponto final no conto de fadas do futebol feminino do Brasil nos Jogos do Rio. Resta a disputa da medalha de bronze contra o vencedor do confronto entre Canadá e Alemanha. Deve também frear o entusiasmo de milhares de torcedores que entoaram nas arenas o canto “Marta melhor que Neymar” na primeira fase do torneio na Olimpíada.
Marta, referendada melhor do mundo cinco vezes pela Fifa e paixão dos brasileiros nos Jogos do Rio, marcou dois gols dos oito cravados pela seleção em cinco jogos.
Na disputa por pênaltis contra a Austrália, nas quartas de final, errou a cobrança que poderia ter desclassificado o Brasil. Neste jogo com a Suécia, nas semifinais, ela conferiu a cobrança na abertura da série – derrota por 4 a 3 – diante de 70.454 torcedores, a maioria esmagadora torcendo pelas meninas brasileiras.
Da euforia da primeira fase do torneio de futebol ao jogos decisivos no mata-mata, Marta minguou. Não assumiu a condição de protagonista nas partidas contra Austrália e Suécia. Apareceu pouco na área das adversárias e viu Formiga crescer como grande líder dentro de campo.
Avaliação isenta e imparcial não indica uma nota alta ao desempenho de Marta até aqui na Olimpíada. Jogou para o gasto.
Nem é bom entrar aqui no mérito das comparações com Neymar e muito mentos entre as seleções dos meninos e das meninas. É uma covardia colocar frente a frente Marta e Neymar. Nem vale a pena insistir na inocente crítica de que o futebol feminino não cresce no País por causa do descaso dos gestores do nosso futebol.
A CBF, após décadas de omissão, resolveu sustentar uma seleção feminina permanente, um jeito de abrigar as meninas que não têm clube para jogar.
Grandes clubes brasileiros não bancam times de meninas porque não dão retorno financeiro, seja de bilheteria, direitos de transmissão da televisão e de patrocínios.
Torcedores, tão entusiastas com a seleção das moças a cada quatro anos nas Olimpíadas, também deixam estádios às moscas nos torneios disputados no Brasil, seja de clubes ou da própria seleção.
Bom lembrar que a lei do Profut, decretada pela presidenta Dilma Rousseff no início deste ano, determinava aos clubes obrigação de investir no futebol feminino.
Era uma contrapartida na lei do refinanciamento da dívidas de R$ 4 bilhões dos clubes com o governo. Deputados aliados aos cartolas sabotaram essa contrapartida na lei.
Por isso, cantar “Marta é melhor que Neymar” não passa de um modismo efêmero e provocação sem propósito, ainda mais se a seleção dos meninos levar o ouro nos Jogos do Rio.
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