Torcedores se manifestam contra outra exibição fraca do time de meninos do Brasil e gostariam de trocar Neymar por Marta da seleção das meninas
Seleção Olímpica sai vaiada pela segunda vez consecutiva nos Jogos do Rio. Mais que não fazer um gol em duas partidas, o Brasil perdeu a identidade no campo e o respeito da sua torcida. O empate por 0 a 0 contra o Iraque coloca um imenso ponto de interrogação no futuro dessa seleção na Olimpíada e, por tabela, em uma geração promissora do futebol brasileiro. E começa a criar no imaginário do torcedor de que a seleção feminina tem mais bola do que essa dos garotos. Em vez de se gritar Neymar, o que se ouve é Marta, Marta.
Como sair dessa encrenca, não é uma tarefa fácil e a curto prazo. No desastre desse domingo, em Brasília, o time se enroscou na marcação e no jeito do Iraque jogar. Não apresentou soluções, não teve uma boa orientação à beira do campo e deixou claro ainda a falta de unidade e de liderança.
Neymar, de quem se esperava algo fora do normal, se enterrou mais uma vez. Bem policiado, não se impôs, assim como na partida contra a África do Sul. O momento de Neymar é muito difícil. Paga pela longa inatividade e de ter a responsabilidade de conduzir uma seleção ainda sem senso coletivo.
Ao deixar se guardar para disputar a Olimpíada, Neymar não calculou como seria difícil voltar ao seu ritmo normal depois de quase dois meses de férias. A conta chega agora.
Neymar se recusou a dar entrevistas após o jogo. Saiu do estádio com fones de ouvido, ignorando jornalistas brasileiros e outros países. Micale, sem domar seu capitão, pediu desculpas pelo comportamento do jogador.
FALTA DE EXPERIÊNCIA
Outro problema, esse insolúvel, é a falta de experiência do técnico Rogerio Micale. Assumiu para valer a Seleção Olímpica após a queda de Dunga, teve menos de 15 dias para armar o time e fez uma aposta ousada e bem-vinda com um tridente de fogo, com Neymar, Gabriel e Gabriel Jesus. Mas não encontrou um jeito de impor suas ideias.
Para complicar a vida de Micale, os dois meninos não conseguiram jogar o que estão acostumados no Santos e Palmeiras. E Neymar, menos ainda.
ANÁLISE DO JOGO
Brasil não rompeu as amarras no primeiro tempo. Se deixou levar pela ansiedade. Caiu nas provocações do iraquianos e não encontrou uma solução para seus problemas na criação e na hora de transpor a barreira da marcação. Repetiu boa parte dos erros cometidos no empate sem gols contra África do Sul.
Mais uma vez, os meias Felipe Anderson e Renato Augusto não apareceram. Não deram suporte ao tridente Neymar, Gabriel Jesus e Gabriel. Sem articulação, a Seleção Olímpica não incomodou o Iraque.
Um detalhe importante também chamou atenção: a pouca participação de Neymar. As boas ocasiões de gol se apresentaram a Gabriel Jesus, que, ansioso, não conseguiu mandar a bola para a rede. Jesus sentiu a pressão.
Gabigol, o mais arisco dos três da linha de frente, buscou o jogo e se perdeu também na ansiedade.
No segundo tempo, Micael voltou com Luan no lugar de Felipe Anderson, substituição idêntica a que havia feito contra a África do Sul. Deu dez minutos e trocou Gabriel Jesus por Rafinha. O menino do Palmeiras saiu sem esconder a enorme decepção.
A Seleção Olímpica não mudou de comportamento. Correria, ansiedade e cada vez mais amarrada na sua própria falta de criatividade. Minguou a cada minuto e fez aumentar a frustração de milhares de torcedores. Vaias se espalharam como um manto a cobrir o estádio Mané Garrincha. Um colapso.
Na quarta-feira, o Brasil enfrenta a Dinamarca, líder do grupo com 4 pontos. Tem de vencer para se classificar sem depender de outros resultados. Essa situação por si só já é uma tragédia ao futebol brasileiro, acostumado, nos últimos anos, a colecionar desastres.
FICHA DO JOGO
Brasil 0 x 0 Iraque
Brasil: Weverton; Zeca, Rodrigo Caio, Marquinhos e Douglas Santos (William); Thiago Maia, Renato Augusto e Felipe Anderson (Luan); Neymar, Gabriel Jesus (Rafinha) e Gabigol. Técnico: Rogério Micale
Iraque: Hameed; Ibrahim, Ali, Ismael, Natiq e Nadhim; Luaibi (Faez), Adnan e Attwan; Abdul-Raheem (Ahmed) e Kareem (Tariq). Técnico: Abdulghani Alghazali
Local: estádio Mané Garrincha
Meu caro Prósperi, será que está faltando o tal espírito olímpico aos jogadores do Brasil, ou as perninhas valem mais nos times europeus….
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