Contra fracasso na Olimpíada, Gabriel Jesus precisa da solidariedade de Neymar e Gabigol
Dois jogos na Olimpíada, nenhum gol. Gabriel Jesus, de 19 anos, vive maior desafio de sua ainda curta carreira de jogador profissional. No Palmeiras, é o artilheiro do Campeonato Brasileiro com dez gols. Na Seleção Olímpica deixa de ser unanimidade, recebe vaias e, a exemplo dos parceiros de ataque, não se encaixa no time. E corre risco de perder lugar na seleção no jogo decisivo contra a Dinamarca. O que se passa com Jesus?
Veja a resposta do garoto após o empate por 0 a 0 contra o Iraque neste domingo quando questionado se a transferência ao Manchester City, por R$ 120 milhões, é a principal causa da baixa de rendimento nos Jogos do Rio:
“Não tem isso comigo não. Já joguei na várzea, não me atrapalha em nada. Não é agora, que uma coisa boa (venda ao City) veio pra mim, que vai atrapalhar. Quando eu estava no Palmeiras fazendo gols você (jornalista) não me perguntava isso. Não estou fazendo gol porque não estou fazendo gol… É como em outra profissão, tem dia que você não está bem e não faz o seu melhor” disse Jesus na zona mista do estádio Mané Garrincha.
O garoto do Palmeiras não blefa quando fala que jogou na várzea e enfrentou muitas dificuldades. Veja o vídeo produzido pelo jornal Diário de S. Paulo com Gabriel Jesus aos nove anos de idade.
Criado no Jardim Peri, na Zona Norte de São Paulo, Jesus tinha um time de meninos na faixa de 9 anos. Era o terror do bairro. Ganhava todas. Quando jogavam contra os mais velhos, ele e seus companheiros apostavam uma garrafa de refrigerante Dolly e venciam a maioria das apostas. Na várzea, de verdade, defendeu o Anhanguera até chegar às categorias de base do Palmeiras.
Essa história não é um privilégio de Jesus. Ronaldo Fenômeno e Ronaldinho Gaúcho, para ficar nos exemplos mais emblemáticos, também vieram de lugares pobres até alcançarem o mundo da fama e celebridade do futebol. O problema é arrebentar no time do Brasil.
Na Seleção Olímpica, Jesus tem a “concorrência” de Neymar e Gabigol. Por enquanto, os dois ainda não jogam em função do atacante do Palmeiras. Cada um quer ser protagonista a seu jeito. Não existe o jogo coletivo.
Caçula da seleção, ao lado de Thiago Maia, Jesus imaginou que tendo Neymar à sua esquerda e Gabigol à direita, marcaria um gol atrás do outro como está acostumado a fazer no Palmeiras.
Em apenas dois jogos, percebeu ou deveria perceber que não é bem assim. Antes de pensar no time, muitos jogadores na seleção se olham no espelho e deixam de jogar em função do bem comum.
Não é questão de salários altos, falta de comprometimento, falta de raça. É falta de treinamento, conjunto, de comunhão de ideias. Isso não se constrói da noite para o dia. É preciso tempo. Quando não se tem tempo, é preciso reconhecer que cada um, seja Neymar ou não, tem o mesmo tamanho de todos.
Gabriel Jesus não é uma ilha nesta Seleção Olímpica. Mais que acabar com a ansiedade e tirar o peso das costas, o garoto precisa tomar a iniciativa de ter uma conversa séria com Neymar e Gabigol. Solidariedade entre eles, a palavra-chave.
Nesta quarta-feira, contra a Dinamarca, ou os garotos do Brasil e Neymar entendem a necessidade de serem solidários os 90 minutos ou vão ouvir gritos das arquibancadas pedindo a presença de Marta.
“É difícil explicar isso (dois jogos se fazer gol), não tem um porquê, estamos tentando. Não podemos esquecer que do outro lado tem um adversário, temos que focar e entrar focados, temos uma batalha muito grande na quarta-feira, temos que ganhar de qualquer forma, mesmo com um gol de barriga ou de bunda, temos que ganhar “, disse Gabriel Jesus.