Em vez de chuteiras pisando no gramado, coturnos dos soldados amassando a relva encharcada carregando as urnas nos ombros.
Em vez de um time perfilado à espera do hino nacional, um fileira de caixões.
Em vez de gritos “Chape, Chape”, aplausos silenciosos, como se isso fosse possível, encobertos por água que caía do céu.
Em vez de um sol radiante, chuva pertinente a encobrir as lágrimas nas arquibancadas.
Em vez da charanga com cânticos do futebol, a orquestra sinfônica entoando músicas fúnebres e temas de filmes de guerreiros.
Em vez de bandeiras gigantes tremulando a espera de um gol, apenas pequenas bandeiras verdes e brancas nas pontas das lanças da divisão de lanceiros do exército nacional.
Em vez de abraços e choro por um gol, abraços de afeto entre familiares das vítimas da tragédia.
O time da Chapecoense, enfim, voltou à sua casa. Um time que morreu quando partia em busca de um título e de muitos sonhos em Medellín.
Morre essa Chape. Nasce outra Chape, com as mesmas cores e a certeza de que não vai acabar.
Arena Condá, um ponto no mapa de Chapecó, agora é o centro do mundo. Esse estádio está lotado neste dia 3 dezembro de 2016 por milhões e milhões de corações e assim vai ficar enquanto o futebol existir. Não há limite para essa paixão e, neste momento, dor.