São Paulo fechou a contratação de Lucas Pratto neste início de noite de quinta-feira (09/2). Vai pagar cerca de R$ 40 milhões ao Atlético-MG por 100% dos direitos do atacante argentino – 65% à vista e 35% divididos em três parcelas. O Atlético terá direito ainda a 15% em eventual futura venda ao mercado europeu nesta temporada de 2017 e na de 2018. Trata-se de uma das mais caras negociações entre clubes brasileiros. Daniel Nepomuceno, presidente do Galo, disse que é a segunda maior transação da história do Atletico-MG. Bom para o clube mineiro, que reforça o caixa, e ótimo ao São Paulo, que compra gols e aumenta cacife do presidente Leco nas eleições em abril.
Pratto e o volante Jucilei serão apresentados neste domingo antes do jogo contra a Ponte Preta no Morumbi na segunda rodada do Campeonato Paulista.
“Eu havia comentado que se chegasse uma proposta importante para o clube e para mim, eu deixaria o Atlético-MG. Infelizmente não veio nenhuma da Europa e chegou uma de um clube brasileiro. O Atlético tem grandes atacantes e não vai sentir a minha saída”, disse Pratto na despedida, poucos minutos antes da partida entre o time mineiro e o Joinville, pela Primeira Liga, nesta quinta-feira em Belo Horizonte.
A chegada de Pratto resolve um grande problema de Rogerio Ceni, que implorava por um goleador de alta patente. O treinador ainda espera por um atacante de velocidade. Por enquanto, conta apenas com Wellington Nem, Luiz Araújo e Neilton após a venda de David Neres aos Ajax, da Holanda.
INTERESSES MÚTUOS
São Paulo precisava de um jogador de peso, de nome no mercado. Uma contratação para provocar impacto no time de Rogerio Ceni e reforçar os alicerces da candidatura do atual presidente Carlos Augusto de Barros e Silva (Leco) à reeleição no comando do clube. Lucas Pratto precisava de um time onde se sentiria rei sem concorrência e, perfeito, ficaria em evidência aos olhos de Edgardo Bauza, técnico da Seleção Argentina. Essa conjunção de interesses levou Pratto ao Morumbi.
A união entre o atacante argentino e o clube paulista seria viável desde que o São Paulo tivesse dinheiro para bancar a brincadeira. Aconteceu. A venda de David Neres por R$ 50 milhões ao Ajax e mais a provável saída do zagueiro Lyanco ao Atlético de Madrid ou Juventus estufam os cofres do clube paulista sob os cuidados de Leco. Com essa grana já dava para pensar grande.
Leco tinha de agir, e rápido. Na condição de presidente e candidato a mais um mandato, enfrenta um tiroteio alucinado nos bastidores políticos do clube com a proximidade das eleições previstas para segunda quinzena de abril. Vai medir forças com Roberto Natel, ex-vice da diretoria do próprio Leco, e José Eduardo Mesquita Pimenta, de 78 anos, representante da oposição.
Pimenta promete infernizar Leco na campanha. Ele tenta voltar ao poder depois de 26 anos de sua saída do Morumbi. Absoluto no comando, de 1990 a 1994, quando conquistou a Libertadores e o bi Mundial com Telê Santana regendo o time, também foi marcado com acusação de ter levado propina na venda de Mario Tilico ao Logroñes, da Espanha.
Neste cenário de guerra política, Leco precisava fortalecer o time de futebol e dar guarida a Rogerio Ceni, sua grande aposta na colheita esportiva e política. Lucas Pratto apareceu. Uma tacada e tanto, a despeito dos R$ 40 milhões depositados na conta do Atlético.
A FORÇA DE FRED
O argentino andava incomodado no Atlético-MG na condição de reserva de Fred em 2016. Percebeu que Roger Machado não o escalaria ao lado do famoso atacante em 2017. Era um ou outro. Como se diz nos bastidores do clube mineiro, Fred na reserva derruba até presidente. O jeito era o argentino ir embora. Assim, Roger resolveria a encrenca e Pratto continuaria nos holofotes em outra freguesia.
Pratto havia rejeitado uma transferência ao futebol da China, coisa de 15 milhões de euros, justamente para não ficar longe de Bauza e, por tabela, da Seleção Argentina.
Restava convencer o comando do Atlético-MG a fazer uma negociação doméstica. O clube de Minas concordou, desde que não a um concorrente direto na Copa Libertadores e que pagasse 12 milhões de euros (R$ 40 milhões).
Atlético desembolsou 3 milhões de euros (R$ 10,02 milhões) há dois anos e, na transação, ficou acertado um repasse de 20% de uma eventual venda ao Velez Sarsfield, desde que o valor da venda fosse superior aos 3 milhões de euros pagos pelo Atlético. Dessa forma não seria interessante ao clube mineiro vender fatias dos direitos de Pratto e sim a totalidade. A proposta do Tricolor paulista cumpriu com todos requisitos.
Rogerio Ceni esperava por Pratto para acabar com agonia da carestia de gols. Não por acaso, o São Paulo sofreu muito com a falta de gols contra o Moto Clube em São Luís (Maranhão), em jogo único da primeira fase da Copa do Brasil nesta quinta-feira de boas notícias ao torcedor são-paulino. O treinador tinha Gilberto à disposição, autor do gol da classificação contra o Moto. Ceni pedia um camisa 9 a Leco.
Ceni sabe muito bem que seu time é fraco e tinha carência urgente de uma referência, de preferência que soubesse embalar as redes. Pratto é a solução. Ele jáestá entre os tricolores.
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