Vida de treinador do Palmeiras não é nada fácil. É dura. Se não tiver estofo e confiança, sai pulverizado. Neste início de temporada, Eduardo Baptista percebeu que muitas pedras vão aparecer no seu caminho. Às vezes, rochas difíceis de serem removidas. Em apenas dois jogos no comando do time, levou uma rajada de impropérios e cobranças de torcidas organizadas e nas redes sociais. Teria de responder rápido e convencer. E, de certa forma, mesmo sem assombrar, conseguiu colocar a cara para fora com a vitória por 2 a 0 contra o São Bernardo nesta quinta-feira e conquistar apoio de líderes importantes como Felipe Melo.
Baptista deu o primeiro sinal de que, sim, poderia fazer o Palmeiras jogar sem invenciones. Bem diferente do que havia feito na derrota para o Ituano, reordenou as peças no tabuleiro. Cada uma na sua. Roger Guedes na direita, Dudu na esquerda, Guerra e Moisés na criação. Boa arrumação e poderia ter funcionado bem se o time não abusasse das esticadas de bola em busca de Guedes e Willian Bigode. E, pior, com muita ansiedade. Mesmo com essa organização, a torcida ainda torcia o nariz contra o treinador. Foi assim até o final do primeiro tempo.
No segundo, quando percebeu que Guedes e Guerra já não tinham soluções na busca do gol e Moisés sentia o peso de disputar sua primeira partida no ano, Baptista recorreu ao banco de múltiplas opções. Com Michel Bastos e Raphael Veiga nos lugares de Guedes e Guerra e logo depois com Keno na vaga de Moisés, o time se entendeu melhor e passou a jogar como o treinador queria – compacto, seguro na marcação e insinuante na busca do gol. Deixou de sofrer com as investidas do São Bernardo e passou a ferir o adversário. Gols seriam uma consequência.
Daí Dudu marcou o seu em boa trama que começou no setor direito. Pouco mais tarde, saiu o pênalti em Dudu convertido por Jean, o selo que faltava para consolidar a vitória. E um aviso que Baptista, mesmo de forma tímida, começa a tomar pé da situação e do tesouro que tem em suas mãos. Se por um lado ainda é uma incógnita aos torcedores, do outro, já tem a confiança de cachorro grande dentro do grupo de jogadores. Felipe Melo é um deles. Dudu, o outro. O treinador sabe que precisa de vitórias acachapantes para conquistar os palmeirenses e calar os críticos de resultados. Não é fácil.
(texto publicado no CHUTEIRA FC, novo espaço de debate no futebol)