Justiça não perdoa celebridades do futebol na Espanha, no Brasil…

Sandro Rosell, ex-presidente do Barcelona e ex-diretor da Nike em negócios com a CBF, está preso em Madri desde terça-feira (23/5) acusado de lavagem de dinheiro. Lionel Messi, sim, o craque dos craques do Barça, e seu pai foram condenados a 21 meses de prisão por causa de três crimes fiscais, em sentença proferida pelo Supremo Tribunal espanhol na quarta-feira (24/5). Cristiano Ronaldo, astro dos astros do Real Madrid, também foi acusado pela Receita Federal espanhola de fraude fiscal de 15 milhões de euros, nesta quinta-feira (25/5). E, por fim, 50 jogos da Segunda B do Campeonato Espanhol estão sob investigação com suspeita de manipulação de resultados. Futebol na Espanha passa pelo crivo da Justiça. Enquanto isso, no Brasil…

Chama atenção nesses casos o quilate de personagens envolvidos e com problemas judiciais. Falamos de um ex-prersidente do Barcelona, um dos clubes mais poderosos da Europa, com uma teia de negócios escusos envolvendo a Seleção Brasileira. Trata-se ainda de ver Messi condenado, Cristiano Ronaldo chamado a responder ao Fisco e uma rede de corrupção em casos de apostas na Segunda Divisão do futebol espanhol. Convenhamos, não é pouca coisa.

Veja o caso Rosell. A juíza da Audiência Nacional, Carmen Lamela, decretou nesta quinta-feira (25/5) a prisão incondicional para o ex-presidente do Barcelona e seu parceiro Joan Besolí, acusados de ter lavado 15 milhões de euros de comissões supostamente ilegais.

O Tribunal Central de Instrução, que está com o caso Rosell, entendeu que há um risco de fuga dos acusados por causa da gravidade dos crimes, a destruição de provas e reiteração criminal. O Procurador do Supremo Tribunal ordenou a prisão sem fiança para Rosell e Besolí.

Documentos divulgados pelo Estadão e globoesporte nesta quinta-feira revelam que Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF, e Marco Polo Del Nero, atual presidente da CBF, receberam propina de contratos de direitos de imagem da Copa do Brasil. Os documentos fazem parte do processo contra Rosell em curso na Espanha.

O Supremo Tribunal também confirmou, nesta quarta-feira (24/5), a condenação de Lionel Messi a 21 meses de prisão por causa de três crimes fiscais. Este órgão máximo da Justiça espanhola rejeitou o recurso apresentado pelo jogador argentino.

Messi foi condenado por desviar 4,1 milhões de euros do Fisco, entre 2007 e 2009. Jorge Messi, pai do craque, também pegou uma condenação de 15 meses. Os dois não devem ficar presos, conforme legislação da Espanha que só manda ao cárcere condenados com dois ou mais anos de prisão.

A situação de Cristiano Ronaldo também é delicada. Eleito quatro vezes melhor jogador do mundo na Fifa, o craque português é acusado em relatório, apresentado nesta quinta-feira (25/5), da Justiça Fiscal de Delitos Econômicos de Madri. Acusação fala em uma fraude fiscal superior a 8 milhões de euros. A fraude pode alcançar os 15 milhões de euros em quatro anos.

Segundo informa o El País, Cristiano Ronaldo abastece várias empresas nas Ilhas Virgens, paraíso fiscal, com o dinheiro que recebe dos direitos de imagem. O atacante teria decidido regularizar sua situação fiscal, após uma investigação da Receita Federal espanhola sobre o destino do dinheiro de jogadores de futebol. Cristiano foi inspecionado pelos exercícios dos anos 2011, 2012, 2013 e 2014.

Receita Federal também já havia denunciado o atacante colombiano Falcao, que jogou no Atlético de Madrid, e o lateral português Coentrão, do Real Madrid, por ocultar sete milhões da Fazenda. Xabi Alonso, Di María e Carvalho, com passagens pelos Real Madrid, foram autuados por fraude fiscal.

Não custa lembrar que Neymar também anda enroscado com a Justiça da Espanha. Além do processo em que é um dos réus na transferência do Santos ao Barcelona, o craque do Barcelona foi denunciado pela Receita Federal por sonegação fiscal.

Brasil sem pressa

No futebol brasileiro, Marco Polo Del Nero, presidente da CBF com mandato até 2019, e Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF, de 1989 a 2012, são investigados pelo FBI dos Estados Unidos nos casos de corrupção da Fifa e Conmebol, denunciados em 2015. José Maria Marin, ex-presidente da CBF, foi detido pelos policiais americanos e cumpre prisão domiciliar em Nova York enquanto aguarda julgamento final. Os três cartolas foram aparecem nas investigações de lavagem de dinheiro do caso Sandro Rosell, ex-presidente do Barça, que está preso.

Del Nero se recusa a viajar fora do Brasil desde 2015, com medo de ser detido por policiais dos Estados Unidos.

Teixeira vive a mesma situação e ainda teve seu nome envolvido nas recentes acusações contra Sandro Rosell no caso de lavagem de dinheiro nos negócios envolvendo jogos amistosos da Seleção Brasileira.

De acordo com informações não oficiais, a Polícia Federal não investiga Teixeira e Del Nero neste momento.

No Congresso Nacional, Del Nero e Teixeira foram alvos de CPIs. Nenhuma delas avançou devido à manobras de deputados e senadores da conhecida “Bancada da Bola”, parlamentares que atuam para defender interesses da CBF, das federações estaduais e alguns clubes da elite do futebol brasileiro.

Senadores Zezé Perrella, envolvido na delação dos empresários da Friboi, Romero Jucá e Renan Calheiros, alvos da Lava Jato, são um dos expoentes dessa Bancada da Bola.

Na Câmara, se destacam os deputados Jovair Arantes (PTB-GO), vice-presidente do Atlético Goianense; Vicente Cândido (PT-SP), vice da Federação Paulista de Futebol, diretor da  CBF e sócio no escritório de advocacia de Del Nero; Valdivino Oliveira (PSDB-GO), presidente do Atlético Goianense; Guilherme Campos (PSD-SP), vice presidente da Federação Paulista e ex-vice da Ponte Preta; José Rocha (PR-BA), ex-presidente do Vitória da Bahia; Sarney Filho (PV-MA), irmão de Fernando Sarney, vice-presidente da CBF região Nordeste; e Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), ex-presidente e conselheiro da Portuguesa.

Nenhum jogador brasileiro de grande expressão, com passagens por clubes da elite do futebol nacional, foi condenado no Brasil nos últimos cinco anos por sonegação fiscal. Pelo menos seus nomes não vieram a público.

(texto publicado no CHUTEIRA FC – leia mais notícias e opinião de futebol)