Tite pode deixar o Corinthians, se torcida organizada continuar com livre acesso para cobrar jogadores

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Tite, constrangido, cedeu à pressão da torcida e tirou André do time. O atacante era um dos jogadores mais contestados pelas facções organizadas do Corinthians. Ele tinha cadeira cativa com o treinador, apesar de pênaltis perdidos e atuações deploráveis.

A saída de André abre espaço, mais uma vez, para Luciano, escalado para o jogo contra a Ponte Preta, às 11h, neste feriado de quinta-feira, pelo Brasileirão.

Ao mesmo tempo que jogou André aos leões, Tite também expôs seu enorme incômodo com parte da torcida, aquela que tem livre acesso ao comando do clube para cobrar líderes dos jogadores em reunião dentro das dependências do CT do Corinthians

Essa situação constrangedora com o poder da torcida, passando por cima do trabalho da comissão técnica e dos jogadores, minou Tite.

Torcedores-do-Corinthians-cercam-e-apedrejam-onibus-em-que-estavam-os-jogadores-do-timeFoto-Marcos-AlvesO-Globo

O treinador já não suporta mais essa pressão das facções organizadas e pode cair fora do Corinthians se a diretoria do clube não agir com urgência. Tite tem mercado na China e no futebol brasileiro.

Veja o que ele disse na entrevista coletiva nesta quarta-feira por volta das 11h30:

“Quanto ao torcedor, quero dizer para ele que se tivesse algum vagabundo aqui dentro, seguramente a direção e seu técnico estariam colocando o dedo na ferida. Respeito e apoio nós precisamos. Atleta é ser humano, técnico é ser humano, independente de todas as conquistas que já tivemos no Corinthians”.

“Quando vier aplauso na hora do erro, vai ajudar o atleta, o técnico, a instituição Corinthians. Não tem vagabundo, não tem sem vergonha, não tem cara acomodado com o Corinthians. Se tenho um respeito do torcedor no dia do meu aniversário, peço paciência”.

Tite está desgastado com essa situação e ficou ainda mais irritado com as declarações do diretor de futebol adjunto Eduardo Ferreira. Veja o que disse o dirigente:

“Isso, dos torcedores vierem aqui falar com os jogadores, é normal. É da cultura do clube. Não é de hoje, vem de 40 anos. Não vai mudar”.

Eduardo Ferreira é conhecido como Edu da Gaviões por sua estreita ligação com a maior torcida organizada do Corinthians.

Relatos nesta quarta-feira em sites e programas esportivos na televisão dão conta de que jogadores foram agredidos em Salvador no sábado, véspera do jogo em que o Corinthians foi derrotado pelo Vitória por 3 a 2 no domingo.

Nesse clima bélico e ruim, não será surpresa se alguns jogadores forçarem a saída do clube. O que não é uma novidade. Num passado recente, Tevez, Edílson Capetinha, Marcelinho Carioca, Roberto Carlos, Guerrero, entre outros menos famosos, já caíram fora do Corinthians após agressões de torcedores.

Tite está atento a esse movimento das organizadas. As facções têm respaldo da alta cúpula do clube. O treinador não suporta mais essa situação e se tiver de sair no braço para proteger jogadores de agressão de torcedores, como fez em Salvador, vai pedir o boné e deixar o Corinthians.