Palmeiras fez um clássico de quem briga pelo título e o Corinthians, dos sem ambição e sem força. Posturas diferentes e exemplares do destino dos rivais neste Campeonato Brasileiro. Não por acaso, torcedores se voltaram contra o presidente Roberto Andrade e assessores nos camarotes. Xingamentos, dedos apontados aos culpados e tentativa de agressão. Constrangidos, se encolheram nas poltronas do Itaquerão antes mesmo do intervalo do jogo e demitiram Cristóvão Borges ao final do clássico. Tamanha revolta se explica com a derrota por 2 a 0, a queda de mais de um ano de invencibilidade no Itaquerão e um futuro de incertezas. Quanto ao líder Palmeiras, impecável.
Quando torcedores se revoltam, seja com imbecilidades ou críticas, algo não vai bem. Indignados, eles perceberam como o Corinthians se rendeu fácil à marcação do Palmeiras, tão logo sofreu o gol de Moisés, com menos de cinco minutos, e não encontrou soluções do começo ao fim do jogo. Essa fragilidade técnica e tática chamou atenção. Por isso entram no pacote dos responsáveis pela derrota o técnico Cristóvão Borges, os jogadores e os dirigentes, que enfraqueceram o time ao longo do Brasileirão.
Todos eles, cada um a seu jeito, se renderam ao futebol de excelência do Palmeiras. Tudo funcionou à risca, como Cuca havia planejado. Primeira missão era marcar o adversário e não deixar nenhum ruído. E, segundo, construir os gols em cima dos erros do rival ou no bombardeio aéreo. Com calma, sem atropelos e muita cabeça, o líder se impôs e não sofreu, mesmo diante de torcida única no Itaquerão.
Cuca tapou todas as válvulas de escape imaginadas por Cristóvão. Não deixou Marlone jogar, nem Lucca. Limitou todos os espaços possíveis por onde Rodriguinho e depois Marquinhos Gabriel poderiam transitar. E inibiu as investidas dos laterais Leo Príncipe e Arana. Nada muito do outro mundo, apenas de quem soube ler com precisão como o clássico se apresentaria.
Repetiu essa estratégia nos dois tempos do clássico, sem ver a reação do inimigo. Ao marcar o segundo gol, com Mina, aos 31 minutos, a vitória já estava mais do que assegurada. O gol do zagueiro colombiano foi uma recompensa às outras cinco chances de gol criadas e não convertidas. Um ponto final na soberania total do Palmeiras no clássico.
Ao final do jogo, o presidente do Corinthians, Roberto Andrade, pediu desculpas aos torcedores por ter reagido aos palavrões e anunciou a demissão do técnico Cristóvão Borges – assume o auxiliar Fabio Carlile até o fim do campeonato.
E decretava assim a enorme diferença entre os dois gigantes. O Corinthians jogou o futebol dos que não têm um horizonte de campeão ou até de quem não tem força para brigar por vaga na Libertadores. Do outro lado, o Palmeiras mostrou a quem ainda tinha alguma dúvida a sua imensa vocação de candidato à taça do Brasileirão.
FICHA DO JOGO
Corinthians 0 x 2 Palmeiras
Gols: Moisés, aos 4 minutos do primeiro tempo; Mina, aos 31 minutos do segundo tempo.
Corinthians: Cassio, Leo Príncipe, Vilson, Balbuena e Guilherme Arana; Cristian (Marquinhos Gabriel), Camacho e Rodriguinho; Marlone, Gustavo e Lucca (Romero). Técnico: Cristóvão Borges
Palmeiras: Jailson, Jean, Mina, Edi Dracena e Egídio; Gabriel (Thiago Santos), Tchê Tchê e Moisés; Erik, Leandro Pereira (Roger Guedes) e Dudu (Rafael Marques). Técnico: Cuca
Juiz: Heber Roberto Lopes
Cartões amarelos: Balbuena, Gabriel, Leandro Pereira, Leo Príncipe, Moisés, Thiago Santos
Cartão vermelho: Leo Príncipe
Renda: R$ 2.344.829,00
Público: 39.879 pagantes
Local: Itaquerão
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