
Tite tem como patente nos clubes que dirigiu o rigor defensivo. Seus times marcavam muito, eram equilibrados, mas ferroavam pouco na hora de balançar a rede. Já foi chamado até de “empaTite”. Quando resolveu beber na fonte do futebol europeu, em estágios e estudos com treinadores consagrados no continente, percebeu que deveria valorizar mais o ataque. Na volta ao Corinthians, em 2015, deu sinais dessa, digamos, ousadia. Na Seleção Brasileira fez o que Dunga não havia imaginado: reunir atacantes rápidos, envolventes e talentosos e, de preferência, jovens. Então descobriu o tridente Philippe Coutinho-Gabriel Jesus-Neymar, o CJN.
Antes de entrar nos detalhes dessa opção do treinador, cabe recordar o estrago que o CJN fez na Argentina de Lionel Messi. Nos 3 a 0, gol de Coutinho começa com Neymar, gol de Neymar tem assistência de Jesus e o gol de Paulinho começa com Coutinho rabiscando a defesa argentina.
Mais que os gols, a combinação dos três na linha de frente tem feito a diferença. Em cinco jogos, a Seleção cravou 15 gols – média de três gols por jogo. Neymar fez quatro e deu passes para mais cinco gols. Jesus marcou quatro gols e deu duas assistências. Philippe Coutinho tem dois gols.
Embora a farra dos números confira consistência ao tridente CJN, o que mais chama atenção é como os três se encaixaram na Seleção. Neymar, antes um lobo solitário, agora tem dois companheiros de fogo, que gostam dos gols e de arruinar a vida dos zagueiros.
Neymar e Coutinho são parceiros desde as seleções Sub-15, Sub-17 e Sub-20. Burro do treinador da Seleção que não percebeu o quanto eram demolidores nos times de garotos. Tite teve esse discernimento de resgatar Coutinho e dar a ele a vaga que era de Willian, um belíssimo jogador, mas sem a pegada mortal de Coutinho.
Outra providência, essa a mais instigante, de Tite se chama Gabriel Jesus. Entusiasmadíssimo com o garoto quando dirigia o Corinthians, o treinador tinha certeza de que o menino do Palmeiras vestiria a camisa 9, um manto sagrado na Seleção, sem sentir a tonelada nas suas.
Jesus encontrou em Neymar alguém para dialogar. E agora tem a companhia de Coutinho. Os três têm tudo para assombrar o mundo. São jovens. Neymar tem 24 anos, Coutinho, 24, e Jesus, 19. Têm talento. Velocidade. Raciocínio rápido. Gostam de driblar. São finalizadores por excelência e não têm medo de cara feia.
Agora uma pergunta. Por que Dunga, o retrocesso do retrocesso, não apostou neste tridente? Ele tinha os três nas mãos antes mesmo da Copa América Centenário, mas insistiu com os veteranos Ricardo Oliveira, Jonas…
Seleção Brasileira, ensina a história, só encanta e deslumbra quando seu ataque é mortal. Ir contra essa correnteza é pedir para ser levado às profundezas. Tite descobriu o óbvio. Por isso deve navegar a favor do vento. Seu tridente CJN chegou para ficar.
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