Seleção Brasileira resgatou sua identidade com uma vitória categórica por 3 a 0 contra Argentina no Mineirão. Quando se enquadra um rival de tradição, de camisa, é sinal de que está no caminho certo. Brasil de Tite se fez presente no momento de dificuldade e se impôs com autoridade ao ser desafiado. Venceu, passou por cima. E jogou os argentinos no abismo – na sexta colocação das Eliminatórias, eles correm risco sério de não ir à Copa do Mundo da Rússia em 2018.
Quando o jogo começou se esperava um recital de Lionel Messi. Logo na primeira bola que caiu aos seus pés, aplicou um lençol em Fernandinho e sofreu falta. O craque estava com apetite e precisava conduzir a abalada Argentina ao triunfo e exorcizar os demônios do time nas Eliminatórias da Copa.
Messi não teve companhia na sua empreitada. Do lindo lance até o fim do primeiro tempo, pouco pôde fazer. Bem marcado, num revezamento entre Fernandinho e Paulinho, não teve como ser protagonista.
Do outro lado, estava uma Seleção Brasileira mais estruturada. Um time afeito a marcar bem, encurtar espaço e acionar sua linha de frente letal. Neymar, o imã. Coutinho, o facilitador. E Gabriel Jesus obrigado a multiplicar as migalhas.
Os três tinham obrigação de intimidar seus marcadores com velocidade e dribles. E aconteceu. No momento de muita entrega dos argentinos e rigidez na marcação, Coutinho rabiscou três marcadores e bateu colocado: 1 a 0, aos 25
Argentina sentiu o golpe. Expressão dos jogadores era de incredulidade e incertezas. Foram para cima na tentativa de diminuir o prejuízo. Criaram algum embaraço à defesa do Brasil, mas não chegaram ao gol.
Quando tudo parecia consumado no fim do primeiro tempo, Gabriel Jesus resolveu assinar seu nome no clássico. Recebeu a bola de costas para Zabaleta, ganhou do lateral, disparou e serviu Neymar na medida. O craque bateu com requinte no canto de Romero: 2 a 0, aos 45 minutos.
Argentina teria de se reinventar no segundo tempo. Derrotada por 2 a 0, algo teria de ser feito. Então Bauza, voltou com Aguero no lugar do volante Pérez. Uma tentativa de fortalecer o ataque e dar mais subsídios a Lionel Messi.
A contrapartida da troca de um marcador por um atacante seria enfraquecer a retaguarda. Neste caso, um suicídio diante da Seleção Brasileira. O jogo ficou ao gosto do escrete. Contra-ataques se repetiram, até Paulinho marcar o terceiro, aos 13.
Argentinos ficaram atordoados. No desespero, sob pena de levar mais gols, recorreram ao recurso dos agoniados: uma coleção de faltas pesadas para, mais que parar o adversário, desestabilizar os brasileiros. Não conseguiram.
Brasil continuou na sua toada. Quando percebeu que estava absoluto, encarou o clássico como um resgate dos grandes tempos do futebol pentacampeão do mundo. Aliou eficiência com plasticidade. Encantou a torcida e voltou a jogar com uma alegria que estava adormecida, abandonada, há séculos na sua história. Perdeu pelo menos mais dois gols imperdíveis
No balanço do clássico, Tite havia passado no seu primeiro grande teste de fato e já acumula cinco vitórias em cinco jogos. Bauza, certamente não vai resistir aos 3 a 0.
Messi sentiu na pele o quanto é difícil conduzir um time sem nexo. E Neymar saiu fortalecido. Brasil x Argentina não é um jogo a mais. Sempre tem algo de especial. Neste do Mineirão, ficou a certeza de que a Seleção reencontrou com sua identidade. Quanto ao rival, a certeza que a Rússia está bem mais distante.
FICHA DO JOGO
Brasil 3 x 0 Argentina
Gols: Philippe Coutinho, ao 25, e Neymar, aos 45 minutos do primeiro tempo. Paulinho, aos 13 minutos do segundo tempo.
Brasil: Alisson, Daniel Alves, Marquinhos, Miranda (Thiago Silva) e Marcelo; Fernandinho, Paulinho e Renato Augusto; Philippe Coutinho, (Douglas Costa), Gabriel Jesus (Roberto Firmino) e Neymar. Técnico: Tite
Argentina: Romero, Zabaleta, Otamendi, Funes Mori, e Mas; Mascherano, Biglia, Pérez (Aguero); Messi, Higuaín e Di María (Correa). Técnico: Edgardo Bauza
Juiz: Julio Bascuñman
Cartões amarelos: Fernandinho, Funes Mori, Marcelo, Otamendi
Renda: R$ 12.726.250,00
Público: 53.490 pagantes
Local: Mineirão