Gabriel Jesus retribui a Tite a confiança de receber do treinador da Seleção Brasileira a emblemática camisa 9, vestida por alguns mitos do nosso futebol. De seus pés nasceu a sexta vitória consecutiva do escrete sob nova direção. Dessa vez a vítima foi a Seleção Peruana, derrotada por 2 a 0 em Lima. Jesus foi o artífice de um triunfo coletivo como há muito não se via no time do Brasil.
O menino do Palmeiras resolveu a questão no segundo tempo quando teve a frieza dos craques para marcar o gol redentor e ao dar passe na medida para Renato Augusto definir a partida.
A Seleção sofreu no início do primeiro tempo. Levou uma bola na trave, em chute de Carillo, se perdeu na marcação e esticou muito a bola ao ataque. Depois dos 15 minutos, entendeu qual era a proposta da seleção peruana e passou a trocar passes com segurança na tentativa de envolver o adversário. E assumiu o controle do jogo.
Descobriu ainda uma boa alternativa de chegar no campo do inimigo, com Renato Augusto atuando como um ala no setor direito em triangulações com Daniel Alves e Coutinho. Por ali criou alguns embaraços aos peruanos e chance de gols. Nada muito contundente, mas com peso suficiente para avisar ao dono da casa que estava vivo, de olhos abertos.
Faltou ao Brasil uma participação mais efetiva de Neymar, muito preso no setor esquerdo. Craque, pelo seu tamanho e importância, apareceu pouco e não se conectou com Gabriel Jesus, espremido entre os dois zagueiros da Seleção Peruana.
Do lado adversário, Cueva carregou muito a bola e virou presa fácil da marcação brasileira. Guerrero, sem espaço, saiu da grande área para respirar, mas não encaixou um bom lance.
No segundo tempo, os peruanos pensaram em sufocar o Brasil como haviam feito no início do jogo. Não funcionou. Seleção não perdeu a envergadura. Aquietou o adversário com a troca calculada de passes e assustou nas investidas pela direita, em especial com a chegada de Coutinho.
De uma pontada de Coutinho, depois de dois lances de puro malabarismo, a bola sobrou para Gabriel Jesus perto da marca do pênalti. Então, o garoto do Palmeiras, como se estivesse no campinho de terra do Jardim Peri, onde se criou na capital paulista, arrumou o corpo e bateu como poucos batem na bola: Brasil 1 x 0, aos 14 minutos.
Era o quinto gol de Jesus em seis jogos do Brasil de Tite nas Eliminatórias. Um assombro a um menino de apenas 19 anos. Um recado ao mundo que a Seleção Brasileira voltava a ter um camisa 9 a seguir as pegadas de Romário e Ronaldo Fenômeno.
Jesus queria mais. Seu gol fez da Seleção soberana no jogo. Os peruanos não tinham outra coisa a fazer a não ser buscar empate a todo custo. Franqueou assim seu campo ao contra-ataque. De uma descida do time de Tite, Gabriel Jesus apareceu bem na grande área e serviu Renato Augusto para bater colocado: Brasil 2 a 0, aos 31. Fatura liquidada.
Dali para frente era iludir a Seleção Peruana e consolidar a sexta vitória seguida do Brasil sob nova direção. Um salto do sexto para a liderança das Eliminatórias e a certeza de que o país pentacampeão do mundo vai a Moscou em 2018.
Tite começa a devolver o futebol à Seleção Brasileira. Para quem gosta de estatística, o escrete repete o recorde do time de João Saldanha nas Eliminatórias da Copa de 1970, que emendou seis vitórias consecutivas em 1969. É um bom sinal.
FICHA DO JOGO
Peru 0 x 2 Brasil
Gols: Gabriel Jesus, aos 14; Renato Augusto, aos 31 minutos do segundo tempo.
Peru: Gallese, Corzo (Adivincula), Christian Ramos, Rodriguez e Loyola; Yotún, Aquino, Carillo (Ruidiaz) e Andy Polo (Sanchez); Cueva e Guerrero. Técnico: Ricardo Careca
Brasil: Alisson, Daniel Alves, Marquinhos, Miranda e Filipe Luís; Fernandinho, Paulinho e Renato Augusto; Philippe Coutinho (Douglas Costa), Gabriel Jesus (Willian) e Neymar. Técnico: Tite
Juiz: Wimar Roldán (COL)
Cartões amarelos: Renato Augusto, Loyola, Cueva
Local: Estádio Nacional (Lima)