Vasco volta à Série A do Brasileirão depois de passar um susto na sua torcida. Acabou com o drama ao vencer de virada o Ceará por 2 a 1 diante de 56.426 pagantes no Maracanã. Não foi um regresso triunfal. Ao mesmo tempo que celebraram a classificação, vascaínos vaiaram por cinco minutos dirigentes, jogadores e comissão técnica – um jeito de manifestar o inconformismo de ver um gigante combalido se reencontrar com o grupo de elite do futebol brasileiro.
Na próxima temporada, a promessa do presidente Eurico Miranda é de reconstrução do time. Técnico Jorginho não vai ficar. Seu sucessor não está definido – nome de Vanderlei Luxemburgo, só para variar, é especulado em São Januário. Muitos jogadores, a maioria deles acima dos 30 anos, estão de saída. Sem caixa, Eurico não vai fazer milagre.
O JOGO
Vasco não deu importância à imensa torcida no primeiro tempo no Maracanã. Lento como um time de veteranos, sem saída de bola e esquálido no ataque não deu o menor trabalho ao Ceará. Jogou como se fosse uma rodada do meio de um campeonato. Não entendeu que a partida era de vida ou morte. Valia vaga na Série A do Brasileiro de 2017 e adeus ao inferno da Série B, um lugar que não combina com os grandes clubes.
Indolência no campo e aflição e agonia nas arquibancadas. Pouco mais de 56 mil torcedores não se conformavam com apatia do cruzmaltino. Quando sofreu o gol de Eduardo, a massa só não desceu ao gramado porque lá no Recife o Oeste vencia o Náutico – concorrente direto do Vasco à classificação. Um drama desnecessário.
Ao apito do árbitro, encerrando a primeira parte do jogo, a torcida vascaína vaiou os seus e aclamou o Oeste, time do interior paulista, que naquele momento ampliava a vantagem em cima do Náutico com 2 a 0.
Jogadores do Vasco e o técnico Jorginho desceram aos vestiários assustados. Não fosse a generosa ajuda do Oeste e o time carioca continuaria na Série B. Algo teria de ser feito no segundo tempo.
Jorginho voltou do intervalo com o velho atacante Eder Luiz no lugar do volante Diguinho. E partiu como uma manada em busca dos gols. Com apenas quatro minutos, virou para 2 a 1 com dois gols de Thalles, revelado na base do clube. Ao marcar o segundo, Thalles tirou a camisa e se jogou ao gramado chorando como uma criança.
Era um presente e uma resposta aos torcedores. Eles não precisavam mais de torcer pelo Oeste naquele momento. A tarde dramática começava a ter contornos de uma festa.
Ceará responde com uma bola no travessão e adianta suas peças. Vasco recua. Abaixa adrenalina e passa a contar os minutos à espera do apito final. O jogo perde impacto. Coração nas arquibancadas do Maraca diminui ritmo das batidas. Era o fim de um sofrimento depois da queda acentuada de produção do time nas últimas 11 rodadas.
Quando o árbitro encerrou o jogo, o técnico Jorginho e o auxiliar Zinho se ajoelharam no gramado abraçados a mais dois assessores. Apontaram ao céu. Ufa! Conseguiram. A volta ao grupo de elite, uma barbada no início da Série B, estava enfim garantida.
Vasco (terceiro colocado) se junta a Atlético-GO (campeão), Avaí (segundo lugar) e Bahia (quarto lugar) na Série A do Campeonato Brasileiro. Acabou a agonia.