Futebol e jornalismo esportivo em transe com a tragédia da Chapecoense

 

chapecoense_escudo99Difícil um jornalista dedicado há mais de 30 anos ao futebol narrar a tragédia dessa proporção que dizimou o time da Chapecoense e levou junto companheiros de imprensa. Não cabe neste momento apontar as causas do acidente com o avião, a 30 quilômetros de Medellín, enquanto não se tem a conclusão das investigações. Resta dizer que a queda da aeronave coloca um triste ponto final em histórias, sonhos, ambição e destino de um punhado de jogadores, outros profissionais do futebol e jornalistas esportivos.

Chapecoense escrevia uma bela história no Brasil nesses últimos cinco anos e estava muito perto de uma consagração internacional na decisão da Copa Sul-Americana contra o Atletico Nacional de Medellín. Uma tragédia, a maior do mundo no âmbito do futebol, interrompe essa trajetória vitoriosa.

Aqueles jogadores, treinador, comissão técnica, dirigentes, que poderiam voltar ao Brasil sorrindo após o jogo contra o time colombiano, terão seus corpos desembarcados em caixões em Santa Catarina.

Uma dor profunda a se arrastar mundo afora, com homenagens de centenas de clubes gigantes de todos os cantos, de craques consagrados a jogadores comuns, entidades, e, a mais especial, de torcedores apaixonados por esse esporte.

Neste Blog do Prósperi, presto uma homenagem a Paulo Julio Clement, companheiro de tantas jornadas do jornalismo a serviço do futebol, que estava no avião. Comentaria o jogo pela FOX ao lado do ex-jogador Mario Sergio, do repórter Victorino Chermon e o narrador Deva Pascovicci,

Paulo Julio Clement, o “meu lateral”. Essa história começa na Copa de 94 nos EUA. Torcedor do Fluminense, PJ defendia Branco, lateral-esquerdo do tricolor carioca, na Seleção do Parreira. Branco quase foi cortado da Copa por questões físicas. Se recuperou a tempo de enfrentar a Holanda na tórrida Dallas. Branco substituiria Leonardo, expulso no jogo contra os EUA por dar uma cotovelada em Tab Ramos. Branco jogaria no sacrifício. Encontrava com PJ nos treinos e nos hotéis na cobertura do Mundial. Ele me dizia: “meu lateral vai entrar e arrebentar a Holanda”. Brincávamos com ele: “Branco vai derreter em Dallas, não vai aguentar correr atrás do Overmars (pontinha holandês rápido e driblador)”. Brasil abre dois gols de frente, Holanda empata. E, quase no fim, falta para o Brasil. Branco ajeita a bola e mete um chutaço, Romário entorta o corpo, a bola passa e… gol do Brasil: 3 a 2. PJ, na bancada de jornalistas do O Globo no estádio de Dallas, se levanta, vira pra mim na bancada do Jornal da Tarde e, aos berros de felicidade, emenda: “É o meu lateral, meu lateral… não falei que ele ia arrebentar”. Vibramos muito com o gol de Branco, que leva o Brasil à semifinal da Copa. Daquele dia até hoje, PJ sempre foi pra mim o “meu lateral”. Nos encontramos muitas vezes depois da Copa de 94 neste mundão, sempre guiados pelo jornalismo e o velho e bom futebol. A cada encontro nos abraçávamos. “Fala, meu lateral”, era assim que eu o recebia. É assim que vai ficar na minha história.

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