CBF, enfim, tem um novo secretário-geral, cargo mais importante da entidade abaixo apenas da presidência. O escolhido é Alcino Reis Rocha, muito próximo do governo Lula e lideranças do PT.
Desde a demissão de Edu Zebini, em março de 2022, a CBF não contava com um secretário-geral. Zebini assumiu o cargo quando Rogério Caboclo ainda era o presidente.
Alcino Reis Rocha chega à CBF com currículo em órgãos governamentais: atuou como Secretário Nacional de Futebol e Defesa do Torcedor, do Ministério dos Esportes, na gestão do ministro dos Esportes, Orlando Silva, entre 2006 e 2011 – segundo mandato do presidente Lula; foi presidente da São Paulo Turismo na gestão de Fernando Haddad – atual Ministro da Fazenda de Lula – na Prefeitura de São Paulo.
“Alcino tem cerca de 20 anos de experiência em governo, nos âmbitos federal e municipal, atuando principalmente em áreas como relações governamentais, políticas públicas e gestão de empresas. Atuou diretamente na realização da Copa do Mundo de 2014, no Brasil, pelo Ministério dos Esportes”, diz comunicado oficial da CBF. “Trabalhou em grandes empresas como a KPMG. É formado em Direito, com MBA em curso de Gestão e Relações Governamentais”.
De acordo com a CBF, o novo secretário-geral será responsável pelas relações da entidade com a Fifa e Conmebol e todas esferas governamentais. Vai lidar também diretamente com federações estaduais e clubes.
Ao nomear Alcino Reis Rocha, o presidente Ednaldo Rodrigues dá um passo em direção à boa política de relações com o presidente Lula e seus principais assessores no governo.
CBF sempre teve no secretário-geral um dirigente com muitos poderes, fundamental no trato com políticos e governos.
No reinado de Ricardo Teixeira (1989 a 2012), Marco Antônio Teixeira, tio de Ricardo, era a mão forte do presidente na condução do futebol.
Na gestão de José Maria Marin e depois Marco Polo Del Nero e, logo em seguida, Rogério Caboclo, o político Walter Feldman atuou como secretário-geral. Era o responsável pelo diálogo com o governo federal e congressistas nos mandatos de Dilma Rousseff, Michel Temer até Jair Bolsonaro.
Feldman caiu no processo de afastamento de Rogério Caboclo, acusado de assédio moral e sexual dentro da CBF. Edu Zebini assumiu o cargo e não resistiu ao processo que levou Ednaldo Rodrigues ao comando da CBF.
Ednaldo Rodrigues assume CBF em abril de 2022 com a promessa de mudar a governança. Diz que vai combater o racismo no futebol e adotar transparência na gestão da entidade.
Uma ação recente de Ednaldo chamou atenção: repúdio aos atos golpistas no dia 8 de janeiro em Brasília. Presidente da CBF condenou o uso da camisa da Seleção Brasileira por parte de bolsonaristas. E propôs o resgate da camisa amarela, apoderada pela extrema-direita do Brasil desde 2013.
São Paulo, 16 janeiro 2023. Por Luiz Antônio Prósperi