Palmeiras conheceu um rival de quilate na sua corrida em busca do título do Campeonato Brasileiro. Pragmático, o Atlético-MG soube se defender a dar uma única e mortal ferroada no até então imbatível time de Cuca em sua casa. Venceu por 1 a 0 neste domingo (24/7) no Allianz Parque e apresentou suas credenciais como candidato a campeão.
A derrota, a primeira como mandante, expõe uma carência no líder do Brasileirão: a falta de cabeças pensantes. Sem Gabriel Jesus, o Palmeiras sofreu sem um construtor, um jogador com capacidade de destruir a ilusão do adversário e a minar sua resistência.
Cleiton Xavier, de quem se espera muito e pouca resposta deu neste campeonato, não se apresentou como o arquiteto da criação. Ao ser substituído, a função ficou a cargo de Dudu. Nada feito.
Acéfalo na hora de buscar algo diferente diante de um adversário aplicado e com jogadores de alta quilometragem, o líder sucumbiu. Vai ter de se reinventar. Gabriel Jesus vai ficar fora por pelo menos mais cinco rodadas. Uma eternidade em um campeonato marcado por equilíbrio de forças.
ANÁLISE DO JOGO
Atlético jogou para se defender no primeiro tempo. Três volantes fechando tudo, laterais presos e zagueiros impecáveis no jogo aéreo. Estratégia de um time preocupado em inibir a avassaladora pressão do Palmeiras quando joga em casa. Um jeito também de tirar a velocidade do ataque, sempre arisco com Roger Guedes, Dudu e Erik.
Se o time mineiro se deu bem com essa postura, o líder do campeonato não se reinventou. Quando o adversário passa a tranca, é preciso ser criativo. Essa missão seria de Cleiton Xavier. Sem encontrar seu espaço e muito bem vigiado por um rodízio de volantes a marcar, o meia não apareceu nos 45 minutos.
Outro problema do Palmeiras, ao chegar próximo da área atleticana, foi apostar no jogo aéreo. Baixinhos, Dudu e Erik, tinham de escalar duas torres de nome Leonardo Silva, 1m93, e Erazo, 1m90. Impossível.
Cuca teria de usar o plano B no segundo tempo. Marcelo Oliveira, não. O treinador do Atlético não poderia abdicar da forte marcação com seus três volantes e deixar de insistir nos contra-ataques.
Contra o técnico do Palmeiras a ausência de Gabriel Jesus, servindo a Seleção Olímpica, craque com talento de sobra para fazer a diferença.
Sem o garoto e diante de um paredão alvinegro, o time paulista não encontrava uma solução. Ficou ainda mais complicado quando Leandro Donizete fez o gol, aos 14, em boa trama com Robinho e Fred e desatenção total do sistema defensivo alviverde.
Ao sofrer o gol, Cuca mexeu por atacado. Trocou Xavier por Barrios e puxou Dudu na armação. Em seguida, sacou Erik e lançou Alecsandro. O time perdia velocidade, ficava mais pesado e sem versatilidade.
Marcelo Oliveira respondeu com Luan e depois Lucas Pratto, sem perder consistência na marcação.
E não deu a mínima chance ao Palmeiras, que continua líder com dois gols de vantagem em cima do Corinthians. O problema nem foi a derrota em si, e sim um recado a Cuca de que é preciso criar alternativas quando o adversário obriga o time a diminuir a velocidade.
FICHA DO JOGO
Palmeiras 0 x 1 Atlético-MG
Gol: Leandro Donizete, aos 14 minutos do segundo tempo.
Palmeiras: Vagner, Jean, Edu Dracena, Vitor Hugo e Zé Roberto; Thiago Santos (Matheus Sales), Tchê Tchê e Cleiton Xavier (Lucas Barrios); Roger Guedes, Erik (Alecsandro) e Dudu. Técnico: Cuca
Atlético-MG: Víctor, Carlos César, Leonardo Silva, Erazo e Fábio Santos; Rafael Carioca, Leandro Donizete (Yago) , Maicosuel (Luan) e Lucas Cândido; Robinho e Fred (Lucas Pratto). Técnico: Marcelo Oliveira
Juiz: Wagner Magalhães
Cartões amarelos: Tchê Tchê, Carlos César, Rafael Carioca
Renda: R$ 2.935.305,48
Público: 39.400 pagantes
Local: Allianz Parque
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