Corinthians e o chute do Gustagol

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Gustavo chegou ao Corinthians na primeira semana de setembro, contratado do Criciúma. No clube de Santa Catarina era conhecido por “Gustagol”, tamanho apetite como mandava a bola para as redes na Série B do Brasileirão. Marcou 11 gols e desfrutava da artilharia da Segundona. Ao ser apresentado no Corinthians, recebeu a camisa 9. Lembraram a ele, na coletiva de imprensa, que um dia aquela camisa havia sido vestida por Ronaldo Fenômeno. Gustavo, mas pode chamar de “Gustagol”, chorou. Era um sonho da vida dele, aos 22 anos, usar um manto do seu ídolo Ronaldo. Tempo passou. Gustavo completou 9 jogos com a consagrada camisa e nada de meter um golzinho.

Contra o Atlético-MG, nesta quarta-feira (05/11), “Gustagol” mandou a bola para rede. Saiu até para comemorar. Seria o gol da vitória do Corinthians e o fim da sua angústia. A rede voltaria a ser o véu da sua noiva e não o paredão do fuzilamento, como tem sido até agora. O problema é que o árbitro anulou o gol. Tomou a decisão com auxílio do bandeirinha. Alegou que Gustavo havia feito falta em Gabriel. “Gustagol” não entendeu nada e abriu a boca de surpresa.

Passada a desilusão, lá foi “Gustagol” atrás da glória. Teria ainda bons minutos em busca da redenção. Na sua cabeça não passava o filme do seu início de carreira no Taboão da Serra, quando se consagrou artilheiro da Copa São Paulo Juniores de 2014. Nem muito menos quando amassou barro no Resende do Rio e no Tubarão de Santa Catarina. Nem na rápida passagem pelo Nacional da Ilha da Madeira do outro lado do Atlântico. A luta continua.

De repente, a bola caiu no seu pé esquerdo. Estava a poucos passos da grande área. Arrumou a esfera no pé direito, deu uma esticadinha para bater de curva na tentativa de vencer o goleiro Victor. Vem o disparo. A bola decola como se fosse um balão e cai no colo de um torcedor lá no alto da arquibancada. O torcedor abraça a redonda e sorri. “Gustagol” abaixa a cabeça e lamenta. Se possível fosse, enfiaria a cabeça na grama tal qual um avestruz.

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O jogo ficou não 0 a 0. Era o sexto sem vitórias do Corinthians no Campeonato Brasileiro 2016. Seis jogos e apenas dois gols convertidos. Campanha de time rebaixado neste segundo turno. Não por acaso, a Fiel tem abandonado o Itaquerão a cada rodada. “Gustagol” não é o único culpado. Ele vai continuar na sua sina em busca do primeiro gol com a camisa de Ronaldo Fenômeno e de tantos outros goleadores do Corinthians.

“Gustagol”, mas pode me chamar de Gustavo. Quem sabe um dia um gol possa cair do céu.