São Paulo e Palmeiras, bem diferente do que apresentaram Santos e Corinthians no sábado, encaminharam a vaga às semifinais do Paulistão 2017. Cumpriram com a obrigação com as vitórias em cima do Linense e Novorizontino neste domingo (02/4). Nada de assombroso, apenas honestos com suas torcidas. Jogaram no nível que se tem visto até aqui nos Estaduais.
Em Novo Horizonte, o Palmeiras sofreu um bocado no primeiro tempo ao propor um jogo franco e ser surpreendido com alta velocidade do adversário na saída aos contra-ataques. O dono da casa rasgou o campo inimigo logo ao cinco minutos, com direito a gol perdido por Everaldo, e marcou com Roberto, aos 11.
Depois desse baque, o time de Eduardo Baptista demorou para se reorganizar. Ansioso e precipitado na hora de tomar as decisões, se reencontrou quando passou a trocar passes, sem alongar a bola em busca de Borja. Restabeleceu a hierarquia com o gol de empate de Dudu, aos 38, e fez o Novorizontino sofrer até o final.
Na volta do segundo tempo, o time do interior repetiu a dose com a mesma intensidade do início da partida, sempre puxado por Roberto na ponta-direita. Não teve força para manter o ritmo e levou a virada com Borja, aos 12, e caiu inerte ao Roger Guedes marcar o terceiro, aos 44.
O que fica de lição ao Palmeiras é a fragilidade defensiva no setor esquerdo. Egídio, assim como Zé Roberto, são envolvidos com extrema facilidade quando encontram atacantes velocistas pela frente. Eduardo Baptista ainda não encontrou um jeito de fazer a cobertura do lateral no setor esquerdo, nem mesmo quando Vitor Hugo joga. Esse ponto frágil do time pode ser explorado pelos adversários na fase aguda do campeonato.
De boa notícia a Baptista, o bom desempenho de Borja, cada vez mais adaptado ao futebol brasileiro. Frio, sempre pensando na frente dos marcadores, fez quase tudo certo em Novo Horizonte.
E a má notícia, a expulsão de Roger Guedes, punido por comemorar o gol subindo no alambrado. Está na regra que não pode, mas o árbitro Flavio de Oliveira não levaria um puxão de orelhas se não desse o cartão ao atacante do Palmeiras.
Sem Guedes e com a provável volta de Zé Roberto, o Palmeiras joga por um empate na próxima sexta-feira no Pacaembu. Apesar de brioso, Novorizontino vai ter de cavar muito a terra para buscar a vaga às semifinais do Paulistão. Precisa de dois gols de diferença, no mínimo, para decidir a classificação nos pênaltis. É bem provável que Baptista possa poupar alguns titulares, de olho na partida contra o Peñarol, dia 12, no Allianz Parque.
São Paulo sem sofrimento
No Morumbi, mesmo sem ter o mando de jogo, o São Paulo “visitante” passou 90 minutos dentro do campo do Linense. Venceu apenas por 2 a 0 por falta de criatividade e ousadia. Fosse um pouco mais atrevido, inventivo, a goleada seria barbada. Como não tinha um bom articulador, com a ausência do peruano Cueva, o time de Rogerio Ceni fez do bombardeio aéreo a sua arma preferida. Uma infinidade de cruzamentos que deram nos dois gols – um contra de Diego Felipe, em tentativa de Rodrigo Caio, e outro com Lucas Pratto, de cabeça, em rebote da zaga.
Ceni iniciou um jogo com uma formação bem burocrática com Jucilei na cabeça de área e dois meias com perfil de volante – Thiago Mendes e Cícero – encarregados de levar a bola ao ataque. Como havia uma muralha pela frente com até 10 jogadores do Linense, o Tricolor martelou muito pelas laterais para desmoronar a retranca. Tudo dentro da cartilha. Apenas no segundo tempo, quando vencia por 1 a 0, o novato treinador pensou em gol diferente com a estreia de Thomaz.
De um jeito e de outro e com direito ao segundo gol no finalzinho da partida, o São Paulo cumpriu com sua obrigação. O Linense, não. Por decisão do presidente do clube do interior, decisão contestada pelos jogadores, o time “mandou” o jogo no Morumbi – regulamento do Paulistão obrigava a jogar em Lins – e se preocupou apenas em se defender. De uma covardia exemplar. Caiu e agora tem de vencer por dois gols de diferença no mínimo para levar a decisão aos pênaltis. Vai jogar agora sim como visitante no Morumbi no próximo sábado.
Diz o presidente do Linense que precisava de receita, daí jogar as duas partidas no estádio do São Paulo. Conforme o combinado a renda líquida seria dividida entre os dois clubes. Com um público de 15.480 pagantes, a renda bruta foi de R$ 396.216,00 e a líquida, R$ 121.431.04. Assim o Linense teve direito a pouco mais de R$ 60 mil. Numa comparação simples, o clube faturou R$ 320 mil no jogo contra o Palmeiras na Fonte Luminosa, em Araraquara, que fica a 200km de Lins.
“Se eu falar que nós (jogadores) concordamos com o presidente, estaria mentindo. Em Linas não perdemos nenhum e por isso chegamos às quartas de final. Mas temos de acatar as ordens”, disse o lateral Carleto ao final da partida.