Brasileirão 2017 começa com uma boa média de três gols por jogo, uma chacoalhada do Bahia para cima do Atlético-PR, a força do campeão Palmeiras na volta de Cuca e incertezas quanto ao futuro do São Paulo de Rogerio Ceni, Corinthians, Santos e, em especial, do Vasco. Acompanhe análise da primeira rodada que teve boa média de público – 17,5 mil em oito jogos – impulsionada pelas torcidas de Flamengo, Palmeiras e Corinthians.
Jogadores da maioria dos 20 clubes também protestaram na abertura do Brasileirão 2017. Usaram tarjas pretas e azuis como braçadeiras em protesto às reformas trabalhistas do governo. Mudanças na Lei Pelé, que regimenta as relações de trabalho entre clubes e atletas, tramitam no Congresso Nacional. A manifestação não teve destaque nas transmissões dos jogos na TV Globo, dona dos direitos de transmissão do campeonato, e seu canal fechado SporTV.
Caminho certo
Fora os adereços tão comuns ao gosto dos torcedores, como essa “febre” palmeirense da calça vinho de Cuca, um amuleto do treinador na temporada passada, o Palmeiras resgatou na estreia alguns dos ingredientes da companha vitoriosa de 2016. Se viu um time mais aguerrido, querendo roubar a bola do adversário nos primeiros minutos do jogo, e só se acalmar depois de marcar o primeiro gol. Fez isso contra o Vasco e se deu bem. Outro indicativo de um bom começo, se deu com a confiança devolvida a jogadores que estavam perdidos no espaço, casos de Jean, Tchê Tchê e Borja, peças fundamentais na goleada por 4 a 0. Rumo ao bi, o campeão Palmeiras encontrou um caminho. E o Vasco precisa de reforços urgentes, sob pena de descer ao inferno da Série B mais uma vez.
Veja os gols de Palmeiras 4 x 0 Vasco:
Dúvidas e certezas
Corinthians percebeu que vai ter muitos problemas a resolver no Brasileirão. Embalado com a conquista do Paulistão e empurrado por mais de 30 mil torcedores, não envolveu a Chapecoense como se acostumou contra adversários menores no estadual. Se arrastou no deserto de ideias no ataque e ainda se sentiu inseguro no sistema defensivo, a principal virtude do time até esse início de maio. Sem opções no ataque, não vai sobreviver apenas com o iluminado Jô. E no dia que não contar com Jadson e Rodriguinho vai sofrer como um condenado ao calabouço. Essas vertentes ficaram claras no empate 1 a 1 no Itaquerão. Corinthians escancarou suas dúvidas. Do outro lado, a única certeza é que essa reconstruída Chape não vai se entregar nunca. Joga e deve jogar sempre como um leão faminto.
Veja os gols de Corinthians 1 x 1 Chapecoense:
Sem destino
São Paulo continua refém da sua falta de identidade. Não sabe se é um time que tem um técnico ou um técnico que tem um time para dizer que é seu. A derrota, nem muito justa, para o abalado Cruzeiro por 1 a 0 no Mineirão, aponta o quanto essa equipe sofre com a forte personalidade de Rogerio Ceni. Jogadores, parece, estão em pânico. Jogam ansiosos, não encontram soluções para nenhuma questão e cometem erros primários, seja na hora de fazer o gol ou nos momentos agudos quando atacados. O gol sofrido de uma cobrança de lateral é a síntese dessa falta de identidade. Ou os jogadores se impõem ou vão viver inertes à sombra de Ceni. Por enquanto, o São Paulo não tem um norte.
Veja melhores momentos de Cruzeiro 1 x 0 São Paulo
Trio acomodado
Santos ainda não encanta, quer dizer, não desencanta. Parece um time cansado das propostas de Dorival Júnior. Seu tripé de sustentação, com Renato, Thiago Maia e Lucas Lima, não se renova nem faz uma tentativa de subverter a ordem quando o time está pressionado a se impor. Contra o Fluminense, apesar do horrível horário das 11h no Rio sob 30 graus no Maracanã, esses três só acordaram quando o Santos já perdia por 3 a 1. Se insistirem com essa falta de inciativa, podem levar a equipe ao buraco. E não adianta também esperar que Ricardo Oliveira possa resolver todos os problemas. Seu estado físico cobra a conta. O Fluminense venceu por 3 a 2 com o frescor da juventude de seus principais jogadores
Veja os gols de Fluminense 3 x 2 Santos:
Favoritos à prova
Aclamado como uma das grandes forças do Brasileirão, Flamengo precisa de algo mais no setor defensivo. Nem adianta entrar na ciranda da importância ou não do discutido Márcio Araújo. Com ele e Arão, o time carioca se rendeu ao rolo compressor do ataque do Atlético-MG e não saiu derrotado na estreia por falta de capricho do adversário. Quanto ao Atlético, se Roger Machado fosse um pouco mais arrojado desde o início da partida poderia ter voltado do Rio como o primeiro time a vencer fora de casa nessa rodada de abertura do Brasileirão. Se acautelou no começo e só criou coragem no segundo tempo quando empatou o jogo em 1 a 1.
Pancada em Salvador
A esmagadora goleada por 6 a 2 do Bahia para cima do Atlético-PR chama atenção pelo número de gols. Mas quando se olha as duas escalações e a atmosfera do jogo se pode entender melhor o que se passou em Salvador. De volta à Série A, o Bahia jogou para matar, dar uma boa notícia e esperança ao seu torcedor. Daí o atropelamento. Do outro lado, Paulo Autuori optou por um time de reservas, alguns deles que pouco jogaram nesta temporada. Se o time principal não anda nada bem, com as recentes esfregas que levou na Libertadores e decisão do Campeonato Paranaense, imagina o time B.
Caiu do berço
Vinicius Jr, novo diamante do futebol brasileiro e já na joalheria do Real Madrid, fez sua estreia como jogador profissional no empate do Flamengo contra o Atlético-MG. Aos 16 anos, jogou poucos minutos, mas não assombrou. Ao final da partida correu em busca da camisa de Robinho, um de seus ídolos de infância. Uma criança no meio de homens feitos. Não por acaso, sites dos principais jornais esportivos da Espanha não se animaram com a estreia do garoto.
Veja entrevista de Vinicius Jr;
Público e gols gringos
A primeira rodada levou pouco mais de 158 mil torcedores aos estádios em nove jogos. Média de 17,5 mil pagantes. No empate Flamengo 1 x 1 Atlético-MG no Maracanã se registrou o maior público da abertura do Brasileirão 2017: 42,5 mil pagaram ingressos para ver o jogo na tarde de sábado. Segundo público foi de Palmeiras 4 x 0 Vasco, com 33,4 mil pagantes no Allianz Parque, domingo, à tarde. E o terceiro, no Corinthians 1 x 1 Chapecoense – 31,4 mil –, sábado à noite no Itaquerão. Pior público ficou com Ponte Preta 4 x 0 Sport, domingo em Campinas, com apenas 3,1 mil torcedores.

Outra curiosidade da rodada de abertura está no número de gols marcados por jogadores estrangeiros. Dos 28 gols da rodada, seis foram dos gringos: colombiano Borja (2 – Palmeiras), venezuelano Guerra (1 – Palmeiras), colombiano Hernandéz (1 – Santos), argentino Ábila (1 – Cruzeiro) e equatoriano Sonorza (1 – Fluminense). Bom lembrar que os 20 clubes da Série A têm 65 jogadores estrangeiros contratados.