Ceni muda de postura e Cuca tem recaída

São Paulo sustentou um tabu de não perder para o Palmeiras no Morumbi desde 2002 ao vencer o clássico por 2 a 0 neste sábado (27/5). Muito da vitória do Tricolor passa pelo acerto na estratégia de Rogerio Ceni e nos equívocos de Cuca. E, claro, na precisão de Lucas Pratto e falhas capitais de Fernando Prass.

Escaldado com alguns resultados ruins, três eliminações em competições importantes e ainda tendo na memória a derrota (3 a 0) no Paulistão no Allianz Parque, Ceni dessa vez não quis pagar para ver. Armou seu time com três zagueiros, cinco no meio e esperou o Palmeiras para beliscar no contra-ataque.

Do seu lado, Cuca espelhou seu time no adversário. Também optou por três zagueiros, recuando Felipe Melo numa linha com Mina e Juninho. Deu a Mina a função de sair mais em apoio ao ataque. Aquele jeito atrevido de morder o inimigo, pressionar a saída de bola e intensidade a todo momento, tão ao gosto de Cuca, ficaram no papel.

Neste enredo, no primeiro tempo não teve jogo. Nenhum dos dois criou coragem para agredir, buscar o gol. Foram 45 minutos entediantes.

No segundo tempo, o curso do rio mudou quando Lucas Pratto fulminou Prass na primeira bola que recebeu na medida para finalizar. Mérito do atacante e descrédito ao goleiro, que levou o gol com a bola passando entre seu corpo e a trave.

Antes mesmo de levar esse gol, Cuca já queria trocar Guerra, um meia sem clareza de ideias, por Keno. Quando promoveu a mudança, deu algum gás ao Palmeiras. Cinco minutos depois, Jean sofreu pênalti. Ele mesmo bateu e chutou para fora. Era o golpe que faltava para o time verde murchar.

E a casa caiu quando Pratto serviu Luiz Araujo. O menino saiu nas costas da zaga, bateu como um menino na bola e Prass, mais uma vez, falhou: São Paulo 2 a 0.

A vitória fortalece o time de Rogerio Ceni, dá lastro e indica ao treinador que há vida sem aquela fobia em busca do ataque a todo custo sob pena do desequilíbrio defensivo. É um avanço ao aprendiz de treinador.

A derrota coloca mais pontos de interrogação a Cuca. Na sua volta ao comando do Palmeiras deu a entender que repetiria a receita vencedora de 2016. Nos jogos contra Vasco, Internacional (Copa do Brasil) e Tucumán (Copa Libertadores) adotou esse modelo e venceu os três.

Contra a Chapecoense apostou em oito reservas e perdeu. Diante do São Paulo, insistiu em uma mudança radical de estilo e se deu muito mal.

Cuca ainda não descobriu como usar todas opções que tem à disposição. Algumas

ainda precisam provar que têm qualidade e crédito. Por enquanto, estão no vermelho.

(texto publicado no CHUTEIRA FC – leia mais notícias e opinião de futebol)