Vini Jr sofre racismo dois dias após morte de Pelé

Corpo de Pelé ainda está no Hospital Albert Einstein, três dias após sua morte. Na sexta-feira (30/12), jornais impressos do mundo inteiro estamparam nas primeiras páginas as mais variadas fotos do Rei do futebol. Exaltaram o Rei preto. No mesmo dia um jogador da Seleção Brasileira, que jogou a Copa do Mundo Qatar 2022, é vítima de racismo na Espanha.

Quando os jornais com Pelé nas manchetes ainda estavam pendurados nas bancas e também devorados por seus leitores, Vini Jr, 21 anos, brasileiro preto, jogador do Real Madrid sofria insultos racistas no jogo de seu time contra Valladolid pelo Campeonato Espanhol.

Nas tribunas do estádio, Ronaldo Fenômeno, brasileiro de origem preta, atual presidente do Valladolid, estava sentado ao lado do magnata Florentino Perez, espanhol branco, presidente do poderoso Real Madrid.

Nas arquibancadas, pouco antes de o jogo começar, torcedores se renderam às homenagens a Pelé – com direito a um minuto de silêncio e aplausos ao Rei do futebol.

Jogo se desenvolve, com vitória parcial 1 a 0 do Real, até que aos 43 minutos do segundo tempo Vini Jr é substituído pelo croata Luka Modric, um dos expoentes da última Copa.

Na caminhada até o banco de reservas do Real, Vini Jr passa atrás do gol defendido pelo goleiro do Valladolid. Momento em que Benzema marca o segundo gol do Real.

Vini comemora o gol de seu companheiro Benzema e passa a ser xingado. Objetos são atirados em direção ao brasileiro. Gritam “mono” (macaco em espanhol). Na transmissão da TV é possível ouvir um torcedor gritar “eres un mono” (você é um macaco). E um outro imitando gestos comuns aos macacos.

Vini Jr se pronunciou neste sábado a respeito dos insultos racistas que recebeu.

Bem antes da Copa do Mundo, o jovem jogador brasileiro também foi vítima de racismo de torcedores espanhóis e de um comentarista de um dos programas esportivos de maior audiência na Espanha.

Na idade de Vini Jr, 21 anos, Pelé já havia conquistado uma Copa e colocado o mundo aos seus pés. Pelé disse muitas vezes que tinha orgulho de ser negro.

“Se o negro quer que se tenha uma melhora na sua posição social e uma melhora no Brasil de uma maneira, temos de botar gente no Congresso para defender a nossa raça”, disse na ocasião em que foi nomeado Ministro do Esporte no governo Fernando Henrique Cardoso em 1995.

Corpo de Pelé ainda não foi sepultado. Na quinta e sexta-feira, mundo inteiro se comoveu com a morte do Rei. Exaltaram seus dotes de jogador, seus feitos com a bola, sua personalidade, seu legado e alguns exaltaram a luta de Pelé contra o racismo.


São Paulo, 31 dezembro, 2022. Por Luiz Antônio Prósperi

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