Cuca cai fora do Corinthians, vitória da torcida

Cuca veste camiseta preta com imagem estampada de Nossa Senhora. Uma corrente grossa de ouro com medalha de uma santa emoldura seu pescoço até o peito. A camisa amarela do goleiro Cassio cobre ombro esquerdo do treinador, com escudo do Corinthians em evidência. Em breve comunicado no estádio Neo Química Arena em Itaquera, por volta de 1h30 da manhã desse 27 de abril, Cuca anuncia sua saída do clube. Foram sete dias de muita turbulência e enorme pressão de parte da torcida Fiel.

Corinthians acabava de avançar na Copa do Brasil com feito dramático ao superar o Remo de Belém (PA) na decisão por pênaltis. Jogadores comemoraram a classificação fazendo uma montanha de abraços em cima do técnico Cuca. E menos de uma hora depois, ele anuncia sua demissão.

A saída de Cuca do Corinthians nesse final de abril de 2023 vem de sua condenação por estupro na Suíça em 1987.

De 1987 até essa queda a jato agora em um dos clubes mais populares do Brasil, Cuca pouco foi pressionado e cobrado pelo ato em Berna. Sem ser incomodado, passou por grandes clubes, conquistou títulos importantes e até dividiu bancadas com jornalistas da TV Globo, contratado em 2018 para comentar a Copa do Mundo da Rússia.

Nos últimos 36 anos, atuou como jogador profissional até encerrar a carreira de atleta e assumir a profissão de técnico de futebol.

Campeão do Brasileirão e da Copa do Brasil em 2021 no Atlético-MG, Cuca estava bem cotado a suceder Tite na Seleção Brasileira após a Copa do Qatar.

Ninguém da comunidade do futebol, seja torcedores, dirigentes, jogadores, CBF, federações e maioria da imprensa, levantou a voz cobrando de Cuca a condenação por estupro em Berna 1987.

Cuca perdeu esse status de candidato favorito ao trono da Seleção quando regressa ao Atlético e fracassa na reta final da temporada 2022. Ali não pesou o estupro.

Fora do páreo na Seleção, Cuca volta ao mercado de treinadores em 2023. E o Corinthians, em crise de gestão dentro e fora de campo, cai no seu colo na quinta-feira, dia 20 abril, após a saída do estagiário Fernando Lázaro do comando do time.

Seria o terço da salvação no clube, detentor da segunda maior torcida do Brasil.

Cuca nem sequer imaginava o que estava por vir. Por sua cabeça passava a ideia de que tiraria o Corinthians do buraco e mais tarde seria carregado nos ombros da maioria dos torcedores.

Acontece que os corintianos têm por norma garantir que são uma “torcida que tem um time e não um time que tem uma torcida”.

Boa parte dessa multidão levantou a mão. Cuca, aqui não. “Respeita as Minas”.

Protestos se multiplicaram. Imprensa esportiva abraçou a causa. E o técnico pediu o boné. “Volta para casa, pai”, disse Cuca se referindo aos familiares que pediram por sua saída do clube.

Corinthians, atordoado com os próprios socos que deu em sua gestão de futebol, volta ao mercado em busca de um treinador. Quer gente de currículo pesado, campeão e experiente.

Tite, candidato natural, não vem. Vanderlei Luxemburgo, esquecido no futebol brasileiro desde 2021, está na praça. Não será surpresa se aparecer no Corinthians até esse fim de semana. A conferir.

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