Chávez não é Calleri e o time no Campeonato Brasileiro não é o mesmo da Copa Libertadores. Dois detalhes ilustram bem o São Paulo neste momento de turbulência em pleno voo sobre o oceano. Se Chávez fosse Calleri provavelmente não teria perdido os dois gols mais incríveis desta rodada do Brasileirão no empate por 0 a 0 contra o Coritiba. Como eles têm em comum apenas o fato de serem argentinos, quem paga a conta é parte boa da torcida do Tricolor. Até porque a parte podre só incendeia ainda mais a crise com invasões, agressões e roubos no quartel-general do clube.
Os gols perdidos por Chávez não escondem também o fraco futebol mais uma vez apresentado pelo time contra um adversário da zona de rebaixamento. Aliás, o São Paulo tem de prestar atenção nos rivais da rabeira da tabela. É lá que estão os que vão ficar nos calcanhares do time de Ricardo Gomes neste segundo turno.
A se repetir a bola que jogou neste domingo no Morumbi e a falta de repertório na derrota diante do Juventude na quarta-feira pela Copa do Brasil, a contagem dos pontos passa a ser regressiva contra a zona da degola.
O maior problema neste momento é que não tem como pousar o avião e ajustar a engrenagem rumo a um voo de brigadeiro. O momento é de ajustes urgentes a dez mil pés de altitude do campo. Não é tarefa fácil e exige esforço concentrado desde o presidente do clube ao roupeiro dos jogadores.
Mas como encontrar uma saída se a alta cúpula tem de lidar cada vez mais contra a imbecilidade e violência das facções organizadas e intrigas políticas internas?
A tomada do território do CT na Barra Funda no sábado, com a petulância de fincar bandeiras no gramado sagrado nos tempos de Telê Santana, por si só escancara a imensa fragilidade do presidente do São Paulo e de seus assessores imediatos.
Não há na história recente de clubes no futebol brasileiro uma reação aos maus resultados nos jogos depois de invasões de vândalos das arquibancadas. Essa receita já foi usada no Palmeiras e Corinthians, para ficar em clubes paulistas, e não deu certo.
Soma-se a essa desgraça a baixíssima qualidade dos jogadores à disposição de Ricardo Gomes. Sem falar da falta de opções no grupo. Não há Cristo que dê jeito na situação.
O São Paulo vai continuar na sua trilha de sofrimento, mesmo em jogos em que pode ser superior ao adversário, como mostrou neste domingo (28/8) contra o Coritiba no Morumbi. E não tem mais o direito de pleitear algo mais do que uma vitória aqui outra mais tarde. Por enquanto todos os caminhos levam às derrotas.
FICHA DO JOGO
São Paulo 0 x 0 Coritiba
São Paulo Denis; Buffarini, Maicon, Lyanco e Mena; Hudson, Thiago Mendes, Cueva, Kelvin (Pedro) e Michel Bastos (Luiz Araújo); Chavez. Técnico: Ricardo Gomes
Coritiba: Wilson; Dodô, Luccas Claro, Juninho e Benítez; João Paulo (Walisson Maia), Edinho, Juan e Raphal Veiga; Vinícius (Iago) e Neto Bertola (Jorge Ortega). Técnico: Carpegiani
Juiz: Francisco Carlos do Nascimento
Cartões Amarelos: Buffarini, Mena (São Paulo); Edinho (Coritiba)
Público: 7.836 pagantes
Renda: R$ 182.596,00.
Local: Morumbi
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