Palmeiras e Corinthians, entre o céu e o inferno

 

Presidentes de Palmeiras e Corinthians concederam entrevistas coletivas neste início de noite de terça-feira (04/11). Paulo Nobre, sereno, discorreu sobre a vitória do clube na corte arbitral contra a WTorre na venda de cadeiras do Allianz Parque, da paz política no Palestra e do bom futebol do time de Cuca. Roberto Andrade, um pouco tenso, falou dos problemas financeiros, baixo rendimento do time de Carille e da turbulência política interna. Nobre parecia no céu e Andrade fugindo do purgatório.

Como se fosse um clássico, vamos mostrar como Palmeiras e Corinthians chegam nesta reta final da temporada de acordo com o que disseram os dois presidentes.

FINANÇAS

Nobre disse que a vitória do clube contra a empreiteira no caso das cadeiras do Allianz Parque evita o que ele considera “um desastre para o clube nas próximas três décadas”. Com a decisão favorável, o Palmeiras pode vender a a maioria das cadeiras no seu programa de sócio-torcedor, Avanti, que rende ao clube cerca de R$ 45 milhões por ano.

Para quem não acompanhou o caso, a WTorre entendia que tinha o direito de vender as 43 mil cadeiras do estádio nos 30 anos de contrato que tem com o clube. O Palmeiras entendia que a construtora teria direito a, no máximo, 10 mil cadeiras.

Veja o que disse Nobre
“O tribunal apenas confirmou aquilo que foi exaustivamente combinado em 2007 e 2008. Pode parecer algo simples, mas caso a interpretação não fosse a do Palmeiras e fosse a da parceira seria um desastre na vida do clube, que estaria com as próximas três décadas comprometidas financeiramente. Temos respeito pela nossa parceira, mas o Palmeiras hoje conquistou mais uma de suas grandes vitórias em sua história centenária.”

Andrade foi questionado a respeito da queda de público no Itaquerão. Sem essa receita, o Corinthians agrava ainda mais a sua situação financeira com o custo do estádio. A prometida venda dos namings rigths ainda não se efetivou e o clube vai ter de renegociar sua dívida com a construção da arena.

Veja o que disse Andrade
“Não relaciono o público menor em relação ao time ou classificação. Acho que a situação financeira de todo mundo pesa. Em setembro, crescemos o Fiel Torcedor em cinco mil sócios-torcedores. Acho que é uma coisa momentânea, fim de mês, dois jogos seguidos. Tem um pouco de tudo. O torcedor corintiano nunca abandonou e jamais abandonará o Corinthians.”

ELEIÇÕES NO CLUBE

Palmeiras terá candidato único, fato inédito nas últimas décadas na história do clube. Mauricio Galiotte, atual vice de Nobre, vai ser eleito novo presidente no Conselho, no dia 10, e referendado em novembro.

“Não é que o clube esteja pacificado. Pesa o nome do Maurício, muito forte, e muito bem recebido na política interna do clube. Desde que eu comecei a militar na vida política do Palmeiras, em 1997, sempre estive 100% à disposição dos presidentes que passaram, para ajudar o clube da melhor maneira possível. Não é porque fui presidente por duas gestões que vou mudar o comportamento. Sempre que eu for chamado, estarei à disposição”, disse Nobre.

Do lado do Corinthians, os bastidores políticos fervem. Não há unanimidade e o ex-presidente Andrés Sanchez pode voltar com peso maior nas decisões do clube.

“Em relação à política, é sempre assim. Uns estão do seu lado, outros contras. Com a eleição ficando perto, as coisas começam a se acirrar, e isso faz parte. Espero que não mude uma linha no que eu desenhei para o Corinthians por causa disso. Na minha visão estamos fazendo um trabalho bom”, disse o presidente. Andrade.

MOMENTO DO TIME

Nobre se finge de comedido, mas comemora a fase do time de Cuca, líder do Brasileirão e nas quartas de final da Copa do Brasil.

“Por ter respeitado todos os adversários em todos os jogos e jogado todos os 28 jogos até agora como se fossem finais… Só por esse motivo está aí onde está hoje. O que peço muito ao grupo de jogadores é que não percam esse foco. Não percam o respeito pelos adversários e joguem todos como se fossem finais, como foi desde o início do campeonato”, disse o presidente Nobre.

A situação do time de Carille era mais delicada. A cinco rodadas sem vencer no Brasileirão, a busca por vaga na Libertadores estava complicada. Como o G-4 virou G-6 (Brasil ganhou mais dois postos na Libertadores), Andrade comemora.

“Acho excelente. Hoje para o G-4 não é possível dizer que era impossível o Corinthians chegar, mas ia ter que ter uma boa sequência. Agora, com o G-6, está mais fácil de alcançar, mas a pressão também é maior, sem dúvida nenhuma. A Libertadores agora fica diferente, são 16 clubes que só vão quatro. São dois mata-matas. As dificuldades existem ainda, para chegar ao G-6 e depois na fase de grupos. Mas vejo com bons olhos, pela importância do Brasil e a influência. Acho que foi merecido”, disse Andrade.

TEMPORADA 2017

Paulo Nobre não confirma a renovação dos contratos de Cuca e do diretor executivo de futebol, Alexandre Mattos. Apenas garante que após a eleição de Galiotte, a próxima temporada entrará em pauta.

“Obviamente já está tendo um estudo para podermos planejar o ano de 2017. Isso é uma coisa interna, que sem dúvida vai passar pelo próximo presidente assim que ele estiver eleito. Será um governo de transição. Vai dar uma continuidade a esses últimos quatro anos. É uma gestão diferente, tem de passar por ele essas decisões”, disse Nobre.

Andrade, do lado do Corinthians, promete um time forte. Mas pesa a classificação ou não à Copa Libertadores.

“Quando vamos fazer um planejamento, com ou sem Libertadores, pensamos em um time forte, nem sempre com jogador badalado, e sim com qualidade. Nosso propósito é um time forte para 2017, não vamos poupar esforço para isso, mas não podemos fazer loucura e deixar uma conta gigante para a próxima administração pagar”, disse o dirigente.

As próximas dez rodadas do Brasileirão e a sequência da Copa do Brasil vão definir quem vai subir ao céu ou descer ao inferno neste fim de temporada de 2016. Palmeiras, por enquanto, surfa no bom momento como seu rival no ano passado. E o Corinthians tenta chegar ao fim do seu calvário, até então improvável.