Neymar deu um leve soco em um torcedor na cerimônia de entrega de medalhas na Copa da França e, desde sábado, tem sofrido uma saraivada de golpes no queixo, fígado e cérebro. Ataques ao jogador partem de todos os lados. De analistas nas intermináveis mesas-redondas nas TVs, redes sociais de torcedores e de jornalistas respeitáveis. Em defesa do craque, o pai eterno e aduladores de sempre.
O debate, na maioria impregnado de lição de moral, chega a Tite. Dedo em riste, cobram do treinador da Seleção Brasileira repreensão severa a Neymar, como tirar do camisa 10 a tarja de capitão do escrete e, mais radical, não convocar o craque para a Copa América – entre junho e julho no Brasil.
Tite está no paredão.
Querem uma resposta do treinador. Lembram que há pouco tempo o mesmo técnico não convocou o atacante Douglas Costa, da Juventus, em um amistoso por causa de uma cusparada que o jogador brasileiro deu no rosto de um adversário no Campeonato Italiano.
Se o cuspe de Douglas Costa o afastou da Seleção, o soco de Neymar deveria ser punido por Tite, suplicam as gargantas profundas do jornalismo esportivo.
Da França, repórteres acostumados ao dia a dia do PSG escrevem que o vestiário do clube está rachado. Brasileiros e franceses estariam de biquinho. Neymar e Daniel Alves contra os jovens do time, como Aerola e Kimpembe, campeões do mundo com a França na Copa da Rússia 2018. Garotos estariam, no jargão antigo, de salto alto incomodando aos mais velhos.
Suspeitam os jornalistas franceses que Neymar cria crise para apressar sua saída do PSG. Relatam que enquanto companheiros de Neymar treinavam duro, o craque, recuperando-se de fratura no pé direito, se esbaldava no Carnaval do Rio.
Seja qual for o mundo que Neymar está, a discussão em cima de seus atos e moralismo beira ao ridículo. Sem propósito, sem sentido.
Neymar tem 27 anos. Está sentado em uma montanha de milhões e milhões de euros. Tem mais de 100 milhões de seguidores nas redes sociais. Deixou o Brasil em 2013 para fazer nome, história e grana, muita grana, no futebol europeu – o mais rico do planeta.
Disputou duas Copas do Mundo com relativo fracasso. Ainda não desbancou Messi e Cristiano Ronaldo do trono de melhores do mundo, ato que até o modesto croata Modric conseguiu, segundo os dogmas da Fifa.
Neymar em campo não tem de responder nada a ninguém, a não ser aos seus patrões. Nem Tite deve ser cobrado por atos do craque.
Neymar que se vire com esse tipo de comportamento. A vida é dele. Que faça o que sua consciência mandar. Por sorte ou azar dele. Ninguém tem o direito de falar o que o jogador tem ou não a fazer. Que seja bobinho, mimado ou altivo. Ele é ele.
Deixem Neymar em paz.
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