Dirigentes do São Paulo batem no peito com a classificação do São Paulo às semifinais da Copa Libertadores 2016, mesmo com a derrota por 2 a 1 para o Atlético-MG, nesta quarta-feira, em Belo Horizonte. Alegam que ao apostar no argentino Edgardo Bauza o time teria condições de pensar grande na competição. Deu certo, pelo menos até aqui.
Tão certo que o São Paulo é o único sobrevivente do futebol brasileiro na Libertadores. Palmeiras, Corinthians, Grêmio e Atlético-MG, que iniciaram a competição como favoritos, ficaram no meio do caminho.
Desacreditado no início da Libertadores, com a derrota ridícula ao The Strongest na primeira rodada dentro do Pacaembu, o São Paulo se encorpou a partir do momento em que os jogadores passaram a aceitar a proposta de Bauza.
Qual é a receita do argentino? O time tem de ser montado primeiro para não perder e entender essa lógica, depois, se o adversário fraquejar, buscar a vitória. E assim tem sido assim ao longo dessa competição internacional.
“Vejo analistas dizendo que o São Paulo não joga um futebol vistoso. A mim não interessa um São Paulo vistoso, quero um time que saiba atacar quando preciso e se defender quando exigido. O São Paulo sabe o que quer. Os adversários vão ter de lutar muito para nos derrotar”, disse Bauza.
O São Paulo vence seus jogos no Morumbi e sai derrotado no limite do resultado fora de casa. Diante do Atlético, nas duas partidas das quartas de final, essa proposta foi cumprida à risca.
Com esse modelo, Bauza conquistou duas Libertadores – com a LDU (Equador) e San Lorenzo (Argentina) – e coleciona apenas uma vitória fora de casa. É mesma fórmula que Felipão adotou no Palmeiras, campeão em 1999.
O JOGO
Tudo começou muito favorável ao Atlético-MG. Com 12 minutos, havia feito dois gols – resultado que levava o time à semifinal. Seu ritmo era no pulso das arquibancadas, uma comunhão impressionante a não dar trégua ao adversário.
Dois gols construídos em cima de falhas do sistema defensivo do São Paulo. O primeiro, com Denis desviando chute de Marcos Rocha para dentro da área e o rebote bem aproveitado por Cazáres. O segundo, em erro de cálculo de Rodrigo Caio na bola alçada na pequena área e desviada, de cabeça, ao gol por Carlos.
Tudo se caminhava do jeito que o Galo havia planejado. Mas aí foi a vez de Victor retribuir a generosidade da defesa do adversário. O goleiro, aclamado santo por sua torcida na campanha vitoriosa de 2013, falhou feio no escanteio e Maicon diminuiu, aos 15 minutos. O resultado agora era todo do São Paulo. A derrota por 2 a 1 era a conta do chá.
O time de Minas assimilou o gol de Maicon como um pugilista leva um jab e perde noção do espaço entre as quatro cordas. A equipe de Bauza aproveitou o momento grogue do inimigo para acalmar o jogo e calar um pouco o Independência.
Seria esse o enredo do primeiro tempo, não fosse um pênalti de Hudson em Léo Silva, ignorado pelo árbitro uruguaio Andres Cunha, e uma bola na trave, em cabeçada de Ganso no último minuto.
A conversa ficou mesmo para o segundo tempo. O Atlético precisava só de mais um gol. O São Paulo só queria ganhar tempo.
Nessa briga por um gol salvador, Diego Aguirre não soube encontrar um jeito de furar o bloqueio imposto por Bauza. Não fez seu time rolar a bola no chão. Nem tinha como, afinal de contas apenas Cazáres segurava sozinho a missão de armar o time. Convenhamos que, com a barreira montada pelo time paulista, um meia só não ia fazer acontecer. E Dátalo estava no banco.
Seguindo com rigor a estratégia do seu treinador, acostumado a montar times primeiro para não perder e depois pensar na vitória, o São Paulo despachou o favorito Atlético, que agora vai levar sua crise ao Campeonato Brasileiro.
Classificado às semifinais, o time de Bauza volta a jogar na Libertadores daqui a um mês. O adversário ainda esta indefinido. Pode ser Pumas (MEX) ou Independente Del Valle, se, por acaso, Rosario Central e Boca Juniors se classificarem, ou Atletico Nacional (COL).