Time com vocação de campeão do Brasileirão tem de ser ousado, sem perder o equilíbrio. Não importa se a competição é longa, repleta de imprevistos e concorrentes de todos os naipes. Tem de impor seu estilo, ser forte em casa, atrevido e vencer jogos com autoridade. O Palmeiras esteve muito perto de contemplar todos esses ingredientes na vitória por 3 a 1 contra o Santa Cruz nesta tarde de sábado (18/6) no Allianz Parque.
No primeiro tempo, fez uma criteriosa exposição do seu repertório. Teve posse de bola, variações de jogadas, inversões de posição, bola parada e dedicação. Em nenhum momento perdeu o controle da partida. Empurrou o Santa Cruz lá para trás e, com méritos, construiu a vitória parcial com dois gols de vantagem.
Tudo esteve muito favorável ao time paulista. Aproveitou, e bem, a estrutura ofensiva armada por Cuca, um treinador acostumado a valorizar a busca constante do gol. Não por acaso, já tem o ataque mais positivo do campeonato com 19 gols, em oito rodadas.
Cuca armou um meio-campo com Tchê Tchê, Moisés e Cleiton Xavier, nenhum deles um cão de guarda, e os três com boa saída de bola. Esse encaminhamento do jogo com esse trio qualifica o time e anima os atacantes a esperar uma bola redonda na hora de ir para cima dos zagueiros. Dudu, Gabriel Jesus e Roger Guedes só têm a agradecer.
Se os meias trabalham bem, os atacantes tendem a render mais e o sistema defensivo também se sente seguro. Esse conjunto funcionou como um relógio suíço. E ainda mostrou a importância de se treinar a bola parada.
Os dois gols nasceram da insistência de Cuca no ensaio das jogadas. O primeiro, com o arremesso lateral de Moisés, que acabou no gol de Dudu. O segundo, em uma falta bem executada com participação de Egídio, Cleiton Xavier e o arremate final de Jean.
SANTA CRUZ CRIA CORAGEM
Na volta do segundo tempo, o jogo ganhou outro contorno. Milton Mendes, treinador do Santa, percebeu que, se sustentasse aquela atitude covarde de só se defender, levaria uma chacoalha de gols. Teria de sair de seu campo, incomodar o Palmeiras.
Em 15 minutos deu muito trabalho, ao explorar o lado esquerdo do ataque com Keno. Fez um gol – o velho Grafite, impedido, marcou de cabeça –, e por um bom tempo perturbou o sistema defensivo do Palestra.
Neste momento da partida, Fernando Prass, candidato a goleiro da Seleção na Olimpíada, apareceu com a eficiência de sempre. As intervenções de Prass deixaram claro que a resposta do Palmeiras não poderia demorar.
Cuca cobrou ação dos atacantes, em especial de Gabriel Jesus. O garoto recebeu um puxão de orelhas do chefe e chamou o jogo. De uma investida sua, combinada com Guedes, serviu Dudu para marcar o terceiro gol. A vitória estava definida.
Ao olhar os detalhes desse novo triunfo, se tem a certeza de que a cada partida o time de Cuca se fortalece como manda o enredo de um campeão. Resta saber se não vai se perder em um desvio no meio do caminho. Por enquanto é o líder do Brasileirão.
FICHA DO JOGO
Palmeiras 3 x 1 Santa Cruz
Gols: Dudu, aos 28 e Jean, aos 47 do primeiro tempo; Grafite, aos 6, e Dudu aos 19 minutos do segundo tempo
Palmeiras: Fernando Prass; Jean, Edu Dracena, Vitor Hugo e Egídio; Tchê Tchê, Moisés (Thiago Santos) e Cleiton Xavier (Cristaldo); Róger Guedes, Dudu (Fabrício) e Gabriel Jesus. Técnico: Cuca
Santa Cruz: Tiago Cardoso; Vítor (Mário Sérgio), Néris, Danny Morais e Uillian Correia; Tiago Costa, Arthur, Lelê (Daniel Costa) e João Paulo (Wallyson); Keno e Grafite. Técnico: Milton Mendes
Juiz: Eduardo Tomaz de Aquino Valadão (GO)
Público: 34.162 pagantes.
Renda: R$ 2.167.071,76
Cartões amarelos: Róger Guedes (Palmeiras); Uillian Correia, Néris e João Paulo (Santa Cruz). Cartão vermelho: Uillian Correia (Santa Cruz).
Local: Allianz Parque