A terceira ‘morte’ de Lionel Messi

“Acabou para mim”. Craque anuncia sua retirada da seleção argentina após a derrota para o Chile na decisão da Copa América Centenário

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Copa_América_CentenarioMessi disse que a Seleção Argentina acabou para ele. O melhor do mundo, eleito cinco vezes pela Fifa, anunciou sua retirada logo após a derrota nos EUA. Ele fecha a Copa América Centenário desolado. Mais uma vez deixa escapar uma taça de relevância para a Argentina e enterra o sonho de sua geração, com três vices consecutivos nos últimos três anos. Assim como em 2015, caiu diante do Chile na decisão por pênaltis, após 120 minutos sem gols.

“É incrível, mas não dá. Não passamos outra vez nos pênaltis. É a terceira final seguida. Nós buscamos, tentamos. É difícil, o momento é duro para qualquer análise. No vestiário pensei que acabou para mim a seleção, não é para mim. É o que sinto agora, é uma tristeza grande que volto a sentir. Foram quatro finais, infelizmente não consegui. Era o que mais desejava. É para o bem de todos. Por mim e por todos. Muitos desejam isso. Não se conformam com chegar a final, nós também não nos conformamos. Perdemos outra vez nos pênaltis”, disse Messi.

OLE_20160627_03Evidente que não era o capítulo final que o melhor do mundo havia projetado. Entrou na competição comprometido com uma lesão nas costas. No primeiro jogo que participou fez três gols, encantou serpentes, colocou todos a seus pés até chegar à final da Copa. Seria a consagração. Não deu certo.

ANÁLISE DO JOGO

Lionel Messi e Arturo Vidal regeram o primeiro tempo e deram trabalho ao árbitro brasileiro Heber Roberto Lopes. No clima bélico instalado desde os minutos iniciais do jogo, o chileno sobressaiu por ser mais sanguíneo. O argentino preferiu jogar bola e sucumbiu aos estragos de uma partida crispada.

Por que Messi exigiu do juiz do Brasil atenção redobrada? Simples. Com a bola nos pés, o melhor do mundo desafiou o volante Díaz por duas vezes. Por duas vezes levou bordoadas de respeito. Heber Lopes não teve dúvidas e mandou o chileno ao chuveiro, aos 28 minutos.

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Por que Vidal também chamou o árbitro à responsabilidade? Simples. Ao ver que seu time com um a menos não daria conta da Argentina, passou a disputar todos os lances mais no contato físico do que na bola. Cobrou um cartão amarelo a Messi por suposta simulação de um pênalti e foi atendido. Cobrou a expulsão de Rojo, em falta que ele recebeu, e também foi atendido por Heber.

Se de um lado, Messi tentou se virar com a bola. Vidal deu o troco empurrando o Chile. Os dois, cada um a seu estilo, fecharam os primeiros 45 minutos como protagonistas. Messi poderia ter levado vantagem no duelo se Higuaín tivesse aproveitado falha incrível de Medel e feito o gol antes das duas expulsões. Higuaín perdeu a chance.

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Montagem do diário Olé, da Argentina, com gol perdidos por Higuaín em 2014 e 2016

Fora as manobras dos dois astros, a Argentina esteve mais perto do gol com finalizações de Messi, Higuaín e Di María, contra nenhum chute do Chile ao gol de Romero. De resto, muita tensão, faltas sucessivas dos dois lados e nenhuma inteligência.

No segundo tempo, era 10 contra 10 e a expectativa de que Messi poderia fazer a diferença. As duas seleções arriscaram pouco. O Chile, capitaneado por Vidal, teve mais posse de bola, mas não chegou com perigo. Argentina também não. As faltas diminuíram. O jogo correu mais solto, de troca de passes, sem intensidade e sem emoção. E a decisão chegou à prorrogação de 30 minutos.

BRAVO SALVA

Os argentinos resolveram mostrar os cravos das chuteiras. Em quatro minutos, arrepiaram Aranguiz e Isla. Os chilenos perderam força com a saída de Sanchez e Vargas. Os argentinos foram para frente. A chance mais aguda saiu de uma falta batida por Messi na cabeça de Aguero, com direito a defesa espetacular de Bravo. E ficamos por aí. A decisão da Copa América Centenário seria nos pênaltis.

Vidal abriu a cobrança. Bateu mal e Romero defendeu. Messi cobrou o segundo e isolou a bola, por cima do travessão. Castillo converteu. Mascherano, também, e com raiva. Aranguiz fez o dele. Aguero, na conta do chá. Biglia, como uma vara verde, chutou e Bravo defendeu. Silva veio firme e cravou. Chile campeão.

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Desolado, desde seu erro na penalidade, Messi nem sabia onde estava. Procurou um refúgio no banco de reservas. Se fosse possível, cavaria ali um buraco na grama para se esconder. Cinco vezes eleito melhor do mundo, Messi teria de amargar mais esse infortúnio. Continua sem ganhar nenhum título de relevância com a camisa da Argentina.

Argentina que não conquista uma grande taça há 23 anos. Nesse período chegou a sete finais. Em quatro delas, Messi esteve presente. Mesmo assim não vingou, apesar de ter na sua carreira 28 títulos com o Barcelona e categorias de base do seu país. Não é fácil carregar uma nação nas costas.

Por isso, seu silêncio diante da fuzarca dos chilenos neste domingo (26/6) traduzia o tamanho da sua decepção. A Copa América Centenário, que havia estendido o tapete vermelho a Lionel Messi, agora era a passarela dos obstinados jogadores do Chile, aos olhos de mais de 82 mil torcedores no estádio em New Jersey.

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