Podres poderes do futebol brasileiro

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Presidentes de clubes cobram a CBF apenas em dois casos. Primeiro, quando vão dividir a grana e, segundo, ao se sentirem prejudicados por erros de arbitragem. De resto, alisam as mangas do paletó do presidente para tirar um fiapinho de sujeira e, depois, um beijo na face para selar um acordo. Se esbaldam e deixam a TV, dona dos direitos de transmissão dos jogos, ditar as regras e, mais comum nesses dias obscuros no País, apoiar a truculência das forças de segurança dentro e fora dos estádios. É um recibo da mazela.

Um exemplo da desfaçatez dos presidentes dos clubes é sustentar Marco Polo Del Nero na presidência da CBF. Atolado até o pescoço com as investigações do FBI e afastado do poder central da Fifa, o cartola não tem nada a acrescentar no futebol brasileiro. É herdeiro de Marin, que herdou o butin de Ricardo Teixeira.

Pior, Del Nero se cerca de políticos que nunca calçaram um chuteira, como o secretário-geral da CBF, o segundo cargo mais importante do futebol brasileiro, senhor Walter Feldman. Ardiloso, negociador, Feldman há quase dois anos no poder nada acrescentou ao futebol brasileiro. Seu passado de político camaleão, a passar por PSDB, PV, PSB, Rede, PSD, não combina com as exigências do futebol de hoje

Coronel Marcos Marinho, alçado ao comando da arbitragem do futebol brasileiro há um mês, nunca apitou um jogo de futebol nem entre solteiros e casados. Vem credenciado com serviços prestados na Federação Paulista de Futebol. Na mesma FPF em que foi desmoralizado por um “sorteio” de cartas marcadas em um clássico Palmeiras e Corinthians, em 2011, desmascarado pelo Jornal da Tarde.

Não fosse a penca de assessores políticos e gente sem intimidade com o futebol agarrada a Del Nero, temos também um aumento da repressão nos estádios e seus arredores. As forças de segurança agem, impõem sua própria lei e reprimem o torcedor comum e organizado diante da cumplicidade da CBF e dos presidentes  dos clubes.

Os casos no Maracanã, Mineirão e Allianz Parque, para resumirmos os episódios desta última semana de outubro, são exemplares. Ministério Público, Polícia Militar e segurança privada, com aval dos governos estaduais, impuseram sua lei. Torcedores erráticos ou não pagaram com dor.

Enquanto isso, presidentes da maioria dos clubes se preocuparam em denunciar eventuais manchas dos campeonatos por erros sistêmicos da arbitragem. Limpam seus umbigos e jogam o sebo em cima do torcedor. A CBF sorri. Ninguém tem nada com isso.