Um jogo, uma vitória. O que era água virou vinho. Desde a ascensão de Tite no comando da Seleção, logo após o desastre na Copa América Centenário, se espera o resgate da excelência do futebol brasileiro, tão deprimido e entediante bem antes e depois do 7 a 1 da Alemanha. Ao vencer o Equador na casa do adversário nas Eliminatórias da Copa de 2018, a confiança se estabeleceu quase como unanimidade. Diante da Colômbia, nesta terça-feira, se terá uma noção mais exata se o Brasil se reencontrou de fato com a troca Dunga por Tite.
Bem diferente do jogo contra o Equador, na estreia do novo treinador do escrete, a Colômbia não deve aliviar. Tem mais bola e não vai ser tão condescendente como foram os equatorianos em Quito. Em momentos daquele jogo, deixavam quatro no ataque e abriam espaços generosos para o Brasil fazer a transição rápida da defesa ao ataque. E disparar a gol.
Excesso de confiança do Equador facilitou a tarefa da Seleção. O jogo contra a Colômbia não vai ser de cortesia. Alicerçados nos últimos birrentos confrontos, tendo Neymar como centro da órbita, os colombianos vão esticar a corda e chutar canelas por baixo. E tentar se impor pelo bom futebol que praticam.
Do lado do Brasil, a expectativa é de um time mais encorpado e coerente, como Tite gosta de pregar. Nesse aspecto, são enormes as diferenças entre o novo treinador e Dunga. Vamos às mudanças:
Ambiente interno
Com Dunga havia nevralgia entre os jogadores no vestiário. Agora, se fala em alegria.”Todos estamos hoje muito felizes pelo grupo que temos. Há muito tempo eu não sentia essa sensação que tenho com esse novo grupo, que, apesar de jogadores estreantes, parece que nos conhecemos de toda vida”, disse Daniel Alves.
Capitão
Dono da tarja nos tempos de Dunga, Neymar perde o posto e deixa de ser um líder que nunca foi. Tite impôs o rodízio de capitania. Contra Equador, Miranda usou a braçadeira. Contra a Colômbia, será Daniel Alves.
Função em campo
Antes os jogadores tinham de se adaptar ao esquema de Dunga. Agora a Seleção é montada dentro das funções que cada um exerce em seus clubes.
Tratamento da imprensa
Ranzinza, sempre disposto ao confronto, Dunga vivia o sentimento de ser perseguido. Sinceridade e respeito até aqui renderam a Tite aplausos de jornalistas durante entrevista coletiva.
Renovação
Dunga apostou em jogadores novos e desistiu fácil da maioria deles. Roberto Firmino entra neste contexto. Não teve coragem de lançar Gabigol, reserva dos veteranos Ricardo Oliveira e Jonas. Tite logo de cara jogou suas fichas em Gabriel Jesus e se deu bem no primeiro jogo.
Neymar
Com Dunga, era absoluto. Tudo passava por Neymar, dentro e fora de campo. Com a nova gestão, parece enquadrado e dividindo responsabilidades.
Se Tite vai dar certo ou não, os resultados dos jogos da Seleção vão mostrar. Em pouco menos de dez dias no comando, ele dissipou as nuvens negras que encobriam o escrete brasileiro. A conferir.