Craque sai de cena em junho, ao aceitar pedido da CBF para disputar a Olimpíada do Rio, e vê distante projeto de ser eleito o Bola de Ouro da Fifa no fim do ano
Neymar desistiu de se credenciar a melhor jogador do mundo nesta temporada de 2016, na eleição da Fifa, ao optar pela Olimpíada do Rio. Enquanto seus concorrentes terão a Eurocopa, em junho na França, e a Copa América Centenário, no mesmo período nos Estados Unidos, para conquistar votos, o craque vai ficar sem vitrine até agosto. Fora dos campos, não terá meios de aumentar seu cacife. A eleição já pode dar como perdida.
O atacante tinha a opção de escolher entre disputar os Jogos do Rio ou a Copa América, atendendo a uma exigência do Barcelona, que comunicou à CBF o veto a Neymar nas duas competições. Era uma ou outra.
Dunga e a CBF entenderam ser mais interessante ter o atacante na Olimpíada do Rio, em busca da medalha inédita de ouro ao futebol brasileiro. Nos bastidores, o treinador e Marco Polo Del Nero projetaram uma Seleção imbatível nos Jogos Olímpicos com a presença de Neymar. A conquista do ouro seria bem mais viável, quase uma barbada.
De posse da medalha, Del Nero e Dunga deixariam de ser apedrejados e poderiam desfrutar mais um pouco do poder no futebol.
Neymar caiu nessa lorota, entendendo que o Brasil o colocaria num pedestal eterno com a medalha dourada. Quis correr o risco, mesmo sabendo que no mundo do futebol internacional uma medalha olímpica tem o peso de uma pluma.
“Se trata de um assunto que eu tenho assumido. E carrego desde que era menino. Sei que os brasileiros sonham com esta medalha olímpica. Eu também a quero e vou lutar por ela. Sei que os torcedores depositam sua confiança em mim e tentarei não decepcioná-los”, disse Neymar.
Enquanto aguarda a hora de entrar em campo na Olimpíada, em agosto, o craque brasileiro vai acompanhar pela televisão as exibições de seus até então concorrentes a melhor do mundo da Fifa.
Cristiano Ronaldo, por exemplo, vai ter o mês de junho inteiro com a seleção de Portugal na Eurocopa para desfilar seu futebol. Pode chegar ainda mais credenciado se levar o Real Madrid ao título da Champions League na decisão contra o Atlético de Madrid, dia 28 em Milão.
Outros candidatos militantes nos grandes clubes europeus também estarão na Eurocopa 2016 em busca de mais protagonismo e, quem sabe, chamar a atenção da Fifa. No histórico das eleições de melhor do mundo, grandes conquistas na temporada têm peso significativo. A Euro vale muito.
Do outro lado do Atlântico, Lionel Messi e Luis Suárez vão disputar a Copa América Centenário na imensa vitrine dos Estados Unidos e em todo o mundo. Messi com a Argentina e Suárez com o Uruguai estarão expostos ao eleitorado da Fifa.
Por isso, Neymar vai perder terreno na corrida com seus principais concorrentes. Outro fator contra o craque brasileiro é a sua queda de rendimento no Barcelona, desde que os problemas com a Justiça da Espanha e do Brasil passaram a perturbar seu sono.
Seu brilho intenso no Barça perdeu luminosidade, enquanto Messi e, em especial, Suárez cresceram. O uruguaio fechou o Campeonato Espanhol na condição de artilheiro, com impressionantes 40 gols em 38 jogos.
Suárez, certamente, já arrebanhou mais votos do que Neymar com essa avalanche de gols. Não será nenhuma surpresa se aparecer na lista final dos três melhores do ano na eleição da Fifa. Como Messi e Cristiano Ronaldo, por enquanto, têm cadeira cativa, a terceira vaga deve ficar com Luis Suárez, um sério candidato a derrubar os dois totens na disputa pelo privilégio de ser o melhor jogador do mundo.
“O Suárez é um grande jogador. Sempre que for possível, vou ajudá-lo a ser o Bola de Ouro (artilheiro da Europa) todos os anos”, revelou Neymar em entrevista à TV Globo.
Neymar, que havia pedido passagem em 2015 ao aparecer entre Messi e Cristiano na reta final da eleição da Fifa, deve perder esse posto para o uruguaio. Sendo assim, vai completar quatro anos de Europa sem chegar ao topo do mundo.
É o preço que vai pagar, apenas para atender a um capricho da CBF. Quem pensa na carreira de Neymar não calcula o prejuízo de um eventual fracasso da Seleção Brasileira na Olimpíada. O craque já sofreu um duro golpe com a queda do Brasil na Copa do Mundo de 2014. E pode repetir a história, agora por vaidade e joguete de cartolas.