TV Globo, CBF e clubes têm uma chance de amenizar a crise da arbitragem no Brasileirão 2016. Basta convocar uma reunião de emergência e, por meio de um decreto assinado por todas as partes, vetar a exibição de tira-teima ou replay de um lance polêmico durante os jogos antes de o árbitro tomar a sua decisão. Dessa forma a tal “interferência externa”, tão explícita na confusão do último Fla-Flu, seria evitada. Sem acesso à imagem do gol impedido de Henrique a favor do Fluminense, ninguém teria como influenciar o árbitro Sandro Meira Ricci e seus bandeirinhas na hora de validar ou não o gol. E, por tabela, evitaria a “troca de tiros” entre cartolas de Palmeiras e Flamengo.
Se os envolvidos no jogo – seja delegado da CBF, quarto árbitro, presidentes de clubes nas tribunas, dirigentes da CBF em seus gabinetes, doutos membros da Comissão de Arbitragem, comissões técnicas dos times, Polícia Militar, promotores do STJD e do Ministério Público de plantão e outros apaniguados – não tiverem acesso às imagens da TV, logo após o momento de um lance polêmico, não terão como intervir na decisão do juiz.
Nesse caso, apenas os editores de imagem da TV Globo e suas equipes teriam acesso ao que de fato aconteceu se as câmeras captarem o flagrante. Caberia a eles a não vazar de imediato o lance polêmico. A responsabilidade seria da Globo.
Dessa forma, um eventual erro ou má-intensão do árbitro só seria exibido após o fato consumado. E aí sim levado aos tribunais, se for o caso de uma punição ou reclamação de eventual prejuízo por parte de clubes interessados.
Quem entende que tudo isso não é necessário, é só recorrer ao que aconteceu no fatídico jogo Brasil e Peru na Copa América Centenário, em junho nos Estados Unidos.
Naquela partida em que a Seleção Brasileira foi eliminada e provocou a queda de Dunga no comando do escrete, o atacante Ruidiaz fez o gol com a mão que deu a vitória ao Peru por 1 a 0. Após o lance polêmico, o árbitro Andrés Cunha e seu assistente Nicolas Taran levaram pouco mais de 4 minutos para validar o gol. Conversaram, ouviram o delegado do jogo e outros agentes, peitaram os jogadores, mas deram o gol. Gol este ilegal por ter sido marcado com a mão.
Nesse tempo todo em que o juiz e o bandeirinha discutiam e o público no estádio aguardava uma decisão procurando imagens em seus celulares, a Fox Sports dos Estados Unidos, dona dos direitos de transmissão da Copa Centenário, não exibiu o replay do gol. Nem mesmo as emissoras brasileiras, que transmitiam a partida com as imagens da TV americana, receberam o replay do gol.
A TV americana segurou as imagens até o árbitro tomar uma decisão. Quando o juiz validou o gol, imediatamente as imagens do gol em replay foram exibidas, mas o jogo já corria solto sem a tal “interferência externa”.
Por determinação da Fifa, as imagens de TV não podem ser usadas durante os jogos para a arbitragem tomar uma decisão a respeito de um lance duvidoso, seja legal ou não.
Toda aquela bagunça no Fla-Flu, no gol impedido de Henrique, seria evitada se as imagens do lance não tivessem sido exibidas enquanto o trio de arbitragem discutia a validade ou não do gol.
Como no futebol brasileiro manda quem paga e obedece quem recebe o dinheiro, a Globo exibe os jogos de acordo com sua linha editorial. Doa a quem doer.
A CBF, gestora do Campeonato Brasileiro, lava as mãos.
Comissão de Arbitragem da CBF, responsável pela escala e avaliação do desempenho dos árbitros no jogos, se reúne após os jogos e determina se o pobre juiz, envolvido em uma polêmica, vai ser afastado ou não. E também esfrega as mãos sob a torneira da pia.
Quanto aos clubes, cada um puxa o salmão para sua grelha. Se sentir prejudicado, solta fogo pelo nariz. Se sentir beneficiado, ajoelha, abaixa a cabeça e agradece.
Ou então declaram guerra nas entrevistas coletivas exibidas pela TV e internet e esperam que vândalos das torcidas organizadas joguem gasolina na fogueira.
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