Palmeiras está no centro da discussão nesta reta final do Brasileirão. Alvo preferido da polêmica de que vai ser campeão, apesar de não jogar um futebol empolgante, bonito de se ver. Ou não tem sido tão brilhante como o Corinthians, dono inconteste da taça em 2015. Alguns colegas jornalistas têm desmentido essa “verdade” comparando números da campanha do Palmeiras de 2016 com os mais recentes campeões desde a implantação dos pontos corridos o Brasileirão em 2003. Este Blog do Prósperi, não afeito à numeralha, vai por outro caminho na tentativa de desmitificar a tese de que o time de Cuca só vai levantar a taça por ser estar um pouquinho acima da mediocridade geral de seus adversários.
Vamos analisar alguns aspectos que diferenciam o Palmeiras dos seus concorrentes ao título.
Vai ser campeão por que tem mais dinheiro, investiu mais?
Não é verdade. O maior investimento do clube em contratações nesta temporada foi no zagueiro Mina – US$ 5 milhões. Outros contratados de mais relevancia foram Moisés, Tchê Tchê e Roger Guedes, de custo baixo. A base vem de 2015.
Enquanto isso, o Atlético-MG gastou alto com salários de Fred e Robinho, adquiridos na metade da temporada, e mais boa grana com Otero, Casares e Clayton. O mesmo fez o Flamengo, com Diego Ribas e Leandro Damião. E já pagava alto por mês a Guerrero.
Não sofreu desmanche na janela de transferência e por isso tem mais elenco?
Outro análise equivocada. Palmeiras vendeu apenas Gabriel Jesus, assim mesmo para entregar apenas depois do Brasileirão, em dezembro. Santos vendeu Gabigol, também após a Olimpíada do Rio, mas errou ao entregar a mercadoria antes. Fez a mesma coisa com o jovem Geuvânio em fevereiro.
Grêmio, até então concorrente ao título, não vendeu sua joia, o garoto Luan, mas despachou Giuliano ao futebol russo – Giuliano tem sido convocado por Tite. E o Atlético-MG não quis vender Lucas Prato ao futebol da China.
Por erro de gestão, Corinthians se desfez do time campeão de 2015 no início e meio da temporada com as vendas de Renato Augusto, Jadson, Ralf, Felipe, Gil, Vagner Love e Elias. Vendeu caro, gastou em reforços caros também e não montou um time decente.
Não perdeu jogadores para Seleção Brasileira e estrangeiras, e se manteve forte contra os concorrentes?
Cedeu Fernando Prass e Gabriel Jesus por 20 dias à Seleção Olímpica – perdeu Prass, machucado, para o resto da temporada. E viu Jesus virar titular com Tite na Seleção. Barrios algumas vezes foi chamado a defender a seleção paraguaia. O mais prejudicado neste item foi Santos, ao entregar Zeca, Thiago Maia e Gabigol ao time da Olimpíada e, um pouco antes, Lucas Lima e Gabigol a Dunga na Copa América Centenário. Flamengo e Atlético-MG não perderam jogadores para a Seleção.
Não ter trocado o técnico ao ser eliminado na Libertadores ajudou?
Em tese sim. Cuca, mesmo com resultados ruins na primeira fase do Paulistão e na de grupos da Libertadores, foi mantido. Atlético-MG trocou Diego Aguirre por Marcelo Oliveira. Santos sustentou Dorival Júnior. Flamengo, ao perder Muricy Ramalho por problemas de saúde no início do ano, efetivou Zé Ricardo. Grêmio e Corinthians trocaram de treinadores.
Vai ser campeão por ter adotado o futebol de resultados, pragmático?
Não é bem assim. Jogou bem e com beleza no primeiro turno. Foi cascudo quando teve de ser, como nas partidas contra Internacional no domingo e Sport, por exemplo. Inteligente contra Corinthians no Itaquerão. Amoleceu ao enfrentar Atlético-MG e Flamengo no Allianz. E se mostrou impiedoso diante dos times da parte de baixo da tabela. Muito bem em casa e eficiente fora.
Não viveu apenas de uma partida perfeita, em 34 rodadas, como, por exemplo, o São Paulo fez contra o Corinthians ou o próprio Corinthians diante do Flamengo.
Caiu eliminado na primeira fase da Libertadores. Flamengo, Atlético-MG, Grêmio e Corinthians saíram fora um pouco depois e o São Paulo parou nas semifinais. Na Copa do Brasil, não foi além das quartas de final, como Santos, Corinthians e São Paulo.
Dessa forma, não se desagastou em duas competições duras assim como não se desgastaram seus concorrentes no Brasileirão.
Quanto aos números, caro leitor, faça você mesmo as contas. É só debruçar na tabela do Campeonato Brasileiro e comparar.